segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Candidatos de hoje não podem mentir como Dilma, diz acionista da Casas Bahia



Com um pé no público de baixa renda, como acionista da Casas Bahia, e outro em um negócio próprio, a Icon, que aluga jatos para empresários e políticos, Michael Klein, 67, diz que a eleição deste ano é importante pois definirá quem assumirá a responsabilidade de reduzir o número de 13 milhões de desempregados.
O empresário afirma não ter aversão a nenhum dos cinco candidatos à Presidência mais bem colocados nas pesquisas eleitorais. E recomenda que não mintam ao eleitor sobre as medidas doloridas que terão que colocar em prática, se eleitos.
“Os cinco candidatos não podem fazer o mesmo que a Dilma [em 2014], prometer uma coisa e mentir. Com isso, ela acabou conseguindo voto. O candidato tem que falar o que é factível fazer”, afirmou.
A petista, segundo o empresário, negou os problemas econômicos e disse que não faria mudanças. Eleita, iniciou um ajuste fiscal reajustando preços de energia elétrica e combustíveis, represados durante a campanha. Independentemente de quem vença, Klein afirma que o empresariado precisa parar de esperar benesses do governo e voltar a investir.
Cobrou o detalhamento de como as reformas consideradas necessárias, da Previdência e simplificação tributária, serão feitas, e defendeu um Estado mais enxuto. Só assim, diz ele, sobrarão recursos para investimentos onde a iniciativa privada não vai.
A sua empresa de aluguel de jatos está abrindo um hangar em Brasília às vésperas das eleições e em meio às incertezas políticas. A demanda pode ser afetada se um dos cinco candidatos for eleito?
Somos otimistas por natureza. Independentemente de qual dos cinco [presidenciáveis] entrar, o Brasil é uma população de 210 milhões de habitantes que precisa se movimentar, ter indústrias, novos negócios. A população não vai parar de crescer, vai ter melhoria de renda e benefícios para que pessoas possam investir e ter trabalho. Qualquer um dos cinco tem a obrigação, além das reformas que o novo governo terá que fazer, de reduzir o número de 13 milhões de desempregados.
Essa eleição é mais importante que a de 2014?
É uma eleição muito importante porque estamos percebendo que, nos anos do governo do PT, a gente viu até onde eles conseguiram chegar. Nunca tivemos tanto desemprego. Isso serve de lição para o eleitor falar: ‘espere um pouco, quem eu quero votar vai ajudar a minimizar o desemprego ou continuar no mesmo ritmo que estava. A própria televisão vai mostrar que os candidatos que mais falam coisas condizentes, que possam melhorar [a situação], são esse, esse e esse, ou se fala coisas inviáveis, só de discurso.
Para o empresariado, qual candidato é melhor para assumir essa agenda?
Temos que ser apartidários. Para nós, quem procurar fazer o país desenvolver e destravar a economia que, vamos falar a verdade, está meio amarrada com a política.
Tem visto os debates?
Sim, todos falam a mesma coisa, com essa campanha anticorrupção e procurar fazer o país se desenvolver.
O sr. teme que algum candidato vença?
Não tememos nenhum deles. Qualquer um que entrar terá a obrigação de resolver a parte econômica, fazer o país voltar a crescer.
O sr. teme a volta do PT?
Não. O PT ou Haddad também terá que fazer alguma coisa para minimizar o que o partido fez e acabou gerando esse desemprego todo.
O mercado reagiu mal, entre outra coisas, a uma simulação de segundo turno feita pelo Datafolha entre Haddad e Bolsonaro. O mercado está errado?
O Haddad vai depender muito se o Lula vai conseguir transferir os votos das pessoas que eram fiéis a ele. Ele não vai conseguir 100% dos votos que o Lula tinha. A pesquisa mostrou que só um terço passaria para o Haddad e o resto ainda iria definir o novo candidato. Então acreditamos que o PT não vai conseguir os mesmos votos se fosse o Lula candidato.
O sr. já disse que a Dilma errou, na campanha de 2014, ao prometer que não faria ajustes na economia e, em seguida, fazê-los. Acha que o eleitor aceitará algo parecido desta vez?
Os cinco candidatos não podem fazer o mesmo que a Dilma, prometer uma coisa e mentir. Com isso, ela acabou conseguindo voto. O candidato tem que falar o que é factível fazer.
Propostas como a do candidato Ciro Gomes de limpar o nome dos devedores (SPC) com nome sujo são factíveis?
Não sei como ele vai conseguir limpar 63 milhões de nomes. O Banco do Brasil e a Caixa têm um índice de Basileia e de inadimplência para respeitar por regulamentação [do Banco Central]. Ele [os bancos estatais] não pode simplesmente pegar os recursos que tem ou, via União, pegar dinheiro do Tesouro e doar para as pessoas limparem os nomes. Eles têm obrigação fiduciária de serem responsáveis até na pessoa física. A lei é bem clara, se fizer alguma coisa que der prejuízo para a União ou para o Estado, ele [o gestor] é responsabilizado.