quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Plataforma projeta candidaturas femininas e detecta boicote de partidos



A busca por uma maior representatividade feminina no Congresso Nacional é um dos principais objetivos do Grupo Mulheres do Brasil com a criação da plataforma Appartidarias. Atualmente, as mulheres representam 51,5% da população brasileira, são 52% do eleitorado do país, entretanto, representam apenas 10% no Poder Legislativo.
O site Appartidarias exibe as candidaturas de mulheres para os cargos nos poderes Legislativo e Executivo, ajuda o eleitor perceber quais são os partidos políticos que apoiam a trajetória feminina na política nacional, respeitando e cumprindo as cotas de 30%, tanto de candidaturas femininas, como do repasse de recursos do fundo partidário para suas campanhas.
No site o eleitor pode encontrar com facilidade as informações de sua candidata escolaridade, ocupação, total de bens, o valor que recebeu para financiar sua campanha e o quanto gastou.
Ana Drummond, que ressaltou a conduta suprapartidária do grupo. “Nós acreditamos no poder da sociedade civil na transformação do Brasil”.
Drummond revelou que a ideia da criação da plataforma ocorreu há dois anos. “Nas eleições de 2016, a gente monitorou, literalmente a mão, as mulheres candidatas ao cargo de vereadoras na cidade de São Paulo. E aprendemos muito com esse monitoramento, primeiro que informações sobre candidaturas de mulheres não estão disponíveis facilmente, num lugar só. Segundo, identificamos muitas mulheres que não receberam nenhum voto, ou seja, eram candidaturas fictícias. E com isso percebemos que tínhamos um papel cidadão nesse monitoramento, para que houvesse ao menos, nessas eleições um observatório de candidaturas de mulheres”.
Todos os dados divulgados no Appartidarias são oficiais, algumas informações têm como base o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Com objetivo de dar visibilidade as candidaturas de mulheres e mostrar o que os partidos estão fazendo”.
Os outros dados foram obtidos pela “força-tarefa” de 200 voluntárias que buscam ativamente as candidatas aos cargos de deputada estadual e federal, descobrem suas pautas, conferem se as suas redes sociais são atualizadas e identificam se de fato elas estão em campanha. “Desta forma é possível aumentar a visibilidade e a voz dessas mulheres e verificar se há indícios de candidaturas-laranja, anunciadas apenas para cumprir a cota”.
Ana afirma que é preciso desmistificar “essa ideia que mulher não gosta de política, nós gostamos sim”, não podemos mais aceitar essa “sub-representação”, na Câmara dos Deputados somo 12%, ou seja, nas últimas eleições foram eleitas  61 mulheres para 513 cadeiras”.
O trabalho dessas cidadãs não vai terminar em outubro, elas sabem que apesar de todo o esforço empenhado, que não será nas eleições de 2018 que verão o resultado, ou seja, o aumento da representação feminina no Congresso. “Nós pretendemos ir além, pós-eleições, para nos preparar para as próximas”.