quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Padre suspeito de abuso sexual é flagrado agredindo ex-seminarista em SP.

 


Um vídeo obtido pelo UOL mostra o padre Ismael Almeida Santana, 31, ex-reitor do Seminário Propedêutico Nossa Senhora do Socorro, em Mogi das Cruzes (Grande São Paulo), ameaçando e agredindo o ex-seminarista João (nome fictício). As agressões aconteceram dentro das dependências da instituição.

A vítima, de 28 anos, acusa o padre de violência sexual. As imagens foram gravadas em fevereiro deste ano. O ex-seminarista fez denúncia ao tribunal eclesiástico da diocese de Mogi das Cruzes no dia 26 de fevereiro, que suspendeu e afastou o padre de suas funções na mesma data. Segundo a Igreja, o caso é grave e há uma investigação canônica em andamento.

Nas imagens que registraram as agressões, João pede para sair do local em que está com o padre Ismael, que é a casa do clérigo dentro do seminário. Chorando, ele anda de um lado para o outro e insiste que o padre Ismael abra a porta. O padre puxa João pelo braço e o empurra. "Você está me machucando!", repete três vezes. O padre pega no queixo de João, aperta e o empurra novamente.

Em outra cena, o padre Ismael tranca a porta, tira a chave e apaga a luz enquanto João caminha pelo cômodo, no escuro. Em uma terceira parte, o padre pega novamente o homem pelo pescoço. "Você está me enforcando. Você vai me matar", fala João. O padre o derruba e a tela fica preta.

Ismael, que é padre desde 2018, acumulava os cargos de reitor do Seminário Propedêutico Nossa Senhora do Socorro, de notário atuário do tribunal eclesiástico diocesano, de membro da comissão diocesana de tutela de menores, de responsável pelo programa semanal da diocese na Rádio Metropolitana FM e de assessor diocesano da Pastoral do Menor..

Em seu depoimento ao tribunal eclesiástico, o padre diz que teve envolvimento afetivo com o ex-seminarista. Afirma que João não aceita o fim do relacionamento e por isso teria feito as denúncias. O padre reconheceu que errou, se disse profundamente arrependido e pediu perdão à igreja, segundo os documentos da investigação interna da Igreja. O padre nega que tenha tido relacionamento sexual com outros seminaristas.

Além de denunciar o padre à diocese de Mogi das Cruzes na expectativa de um desfecho no âmbito da Igreja Católica, João entrou com processos na Justiça contra a própria diocese de Mogi das Cruzes, contra o bispo dom Pedro Luiz Stringhini e contra o vigário geral da cúria, monsenhor Antônio Robson Gonçalves. Ele alega que há acobertamento por parte dos clérigos e da instituição.