quarta-feira, 25 de março de 2020

Pandemia deixa 1,6 mil brasileiros presos em Portugal

Cenas de Porto e Vila Nova de Gaia na região norte de Portugal: ruas e pontos turísticos esvaziados

Com voos cancelados em cima da hora e sem conseguir remarcá-los, muitos turistas brasileiros vivem um drama em Portugal. Eles chegaram à Europa antes de a pandemia estourar e foram surpreendidos pelas restrições de viagens internacionais. A maior parte deles já voltou para o Brasil - ao menos 8,2 mil embarcaram de volta na semana passada -, mas ainda há 1,6 mil que permanecem em trânsito em Portugal.

"Só quando cheguei ao aeroporto, às 6 horas da manhã, fiquei sabendo que meu voo para São Paulo estava cancelado. Os funcionários da segurança me deixaram entrar para tentar comprar outra passagem, mas só encontrei para o dia 27 por R$ 11 mil. Não tenho esse dinheiro", conta Priscila de Lima, de 32 anos, que chegou a Portugal no dia 13 pela Azul.

Para evitar aglomerações, o esquema de segurança do aeroporto de Lisboa foi reforçado e apenas passageiros com voos marcados para as próximas horas são autorizados a entrar. "Quando embarquei do Brasil para cá, não havia nenhum aviso de perigo. Falavam que a epidemia era só na Itália", diz Priscila, que ficou no aeroporto para tentar um encaixe em um voo noturno da TAP. "Tem de dar tudo certo, porque não tenho mais hotel para passar a noite."

Tadeu Augusto Borges, de 33 anos, recebeu pela manhã uma mensagem de que seu voo da Latam, previsto para esta terça-feira, 24, estava cancelado. Sem conseguir remarcar, resolveu ir pessoalmente ao aeroporto, mas foi impedido de entrar. "Ficamos mais de uma hora na espera por telefone, sem sucesso. O aplicativo trava. Tentei acionar o seguro viagem, mas eles alegam que para o caso de pandemia não há cobertura. Só temos reserva no hotel até amanhã. Depois, não sabemos o que fazer", afirma.