quarta-feira, 25 de março de 2020

'É a maior pandemia da história recente', afirma presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia



Presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o médico Clóvis Arns da Cunha participou nesta quarta-feira (25 de março) de uma entrevista coletiva com jornalistas do Paraná por meio de uma vídeoconferência, promovida pelo Hospital Nossa Senhora das Graças. No bate-papo com a imprensa, deu uma série de esclarecimentos sobre a COVID-19, doença provocada pelo novo Coronavírus, e também tratou de ressaltar a gravidade do momento, destacando que essa é "a maior pandemia da nossa história recente".
"É a maior pandemia da nossa história recente. Nenhum de nós estávamos aqui na gripe espanhola. Na ocasião, até o Presidente da República, Rodrigues Alves, morreu. Para nossa geração, essa está sendo a pior. Por isso é importante que a população confie nessas medidas (que o Ministério da Saúde e as Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde estão tomando). Estamos muito preocupados com o impacto social, mas é o seguinte: ou tomamos essas medidas agora, ou depois vai ser pior e vamos ter de tomar medidas ainda mais duras."
Segundo o Doutor Clóvis Cunha, na maior parte dos pacientes, algo em torno de 80%, a doença vai se manifestar de maneira leve, como se fosse um resfriado, uma gripe ou mesmo uma pneumonia leve, que não leva à falta de oxigênio. 15% já terão de ir para o hospital, sem necessidade de internação em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs); e outros 5% terão a forma crítica, necessitando, então, ir para a UTI.
Sobre a necessidade da adoção do isolamento social em larga escala, com a manutenção em funcionamento apenas dos serviços essenciais, ele explica que a doença é facilmente transmitida e que o contágio, se não controlado, acontece como numa progressão geométrica, exponencial.
"Essa Covid tem sua principal transmissão por gotículas aéreas. Quando a pessoa tem a doença, tosse, espirra, pode transmitir o vírus. Por isso o cuidado número 1 é que os pacientes sejam isolados em casa, não fiquem junto do convívio de outras pessoas. Se tiver domicílio de um quarto, que (a pessoa) fique a um metro de distância daqueles pacientes com sintomas respiratórios", recomenda o especialista. "Outra medida importante é a higienização das mãos, com água e sabão ou álcool 70."
Necessidade de isolamento social por conta da transmissão comunitária
Ainda segundo o presidente da SBI, o contágio da doença acontece de forma exponencial. Uma pessoa com o vírus, por exemplo, transmite para outras três, que irão transmitir para outras três (já seriam nove infectados), que irão ainda transmitir para outras três. Por isso, segundo ele, é necessário, a partir da constatação de que já há transmissão comunitária em todo o país, a adoção de restrições sociais e medidas de isolamento.
"O vírus chegou na transmissão comunitária no Brasil e semana passada se observou o aumento vertiginoso, quase exponencial, dos pacientes com a doença. Chega a dobrar a cada dois ou tr^s dias. A partir deste momento é importante a restrição social, é absolutamente necessário (permanecer em casa)."