sexta-feira, 11 de maio de 2018

POPULAÇÃO POBRE RECEBE LAMA NAS TORNEIRAS, NO BERÇO POLÍTICO DE RENAN



Após uma série de reclamações contra a falta de qualidade da água distribuída a vítimas das enchentes de 2010, no reduto político do senador Renan Calheiros (MDB-AL), a juíza Emanuela Bianca de Oliveira Porangaba, da Comarca de Murici (AL), realizou nesta terça-feira (8) uma audiência pública em busca de uma solução para o problema de saúde pública que atinge os conjuntos residenciais Pedro Tenório e Olavo Calheiros I e II – estes últimos que homenageiam o patriarca do clã Calheiros. A audiência aconteceu na Câmara de Vereadores de Murici.
No debate sobre os problemas de abastecimento em Murici estiveram presentes vereadores; o prefeito de Murici, Olavo Calheiros Neto (MDB), sobrinho de Renan; representantes da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), autarquia estadual administrada pelo governo de Renan Filho (MDB); e a moradores dos conjuntos populares munidos de garrafas com a água barrenta que sai de suas torneiras, nas casas populares doadas a desabrigados da tragédia de oito anos atrás e outras famílias pobres muricienses.
Além da falta de qualidade da água fornecida pela Casal nas três comunidades carentes que concentram boa parte da população da cidade, os moradores reclamaram da irregularidade do abastecimento nesses conjuntos e em toda a cidade. Diante da situação, a juíza determinou que a Casal e o Município forneçam água através de caminhão-pipa para as três comunidades afetadas com a qualidade da água. E que o IMA realize, no período de um mês, a coleta da água para a análise.
De acordo com a magistrada, a ideia da audiência pública surgiu ao ser observada a proporção do problema de abastecimento de água da região, que afeta boa parte dos moradores do Município.
“Existiam duas ações civis públicas em curso sobre o mesmo assunto, que é a qualidade da água. Então, eu resolvi fazer uma audiência para dar uma decisão para as duas ações e, ouvindo também a população. Os três conjuntos são os maiores prejudicados em relação à regularidade – falta muito – e, sobretudo, à qualidade. Contudo, todo o município sofre com a falta. Tanto na ação civil pública figuram como réus a Casal e o Município, uma vez q este também abastece uma parte da cidade”, destacou Emanuela Porangaba.
Durante os debates na audiência, foi dito que um projeto para regularizar a situação do abastecimento de Murici tramita há sete anos, após a tragédia das enchentes de 2010, na cidade cortada pelo Rio Mundaú, que abastece a Lagoa Mundaú e tem valor histórico por motivar o nome do Estado de Alagoas. Murici é dominada politicamente pela família Calheiros há 22 anos.
A Casal disse ao Diário do Poder que não fornece água fora dos padrões da portaria do Ministério da Saúde. “Se, por alguma razão, a água não puder ser tratada ou permanecer fora dos padrões após ser tratada, o fornecimento é suspenso imediatamente”, destacou a companhia estadual, por meio de sua assessoria.