quinta-feira, 8 de março de 2018

BARROSO TRAVA GUERRA DE COMUNICAÇÃO COM O PLANALTO NO INQUÉRITO CONTRA TEMER



O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), parece travar uma guerra de comunicação contra o Palácio do Planalto. Ao determinar a investigação de suposto vazamento de sua decisão de quebrar o sigilo bancário do presidente Michel Temer, Barroso neutraliza a repercussão positiva da reação do governo à própria quebra de sigilo, quando o chefe do Poder Executivo prometeu expor publicamente a sua movimentação bancária, numa tentativa de demonstrar destemor diante da medida.
Barroso tem demonstrado zelo pouco comum pelo inquérito do qual é relator e que investiga a edição de um decreto que teria beneficiado uma empresa chamada Rodrimar. O ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) chegou a comparar a acusação a um “assassinato sem cadáver”, na medida em que o decreto não beneficia a tal empresa, que atua no Porto de Santos (SP). A dianteira obtida pelo Planalto, nessa batalha da guerra de comunicação, acabou revertida com a investigação da suspeita de “vazamento”.
Antes, a divulgação pela agência de notícias Reuters de que o palpite do então diretor-geral da Polícia Federal Fernando Segóvia era de que Temer seria inocentado nesse inquérito, o que parecia num primeiro momento um aval importante ao presidente acabou anulado pela reação de Barroso, interpelando publicamente o delegado. O desgaste provocado pelo episódio acabou custando o cargo de Segóvia.
Outra notícia positiva para o governo foi anulada quando o atento ministro Barroso determinou a investigação de suposto vazamento de parecer da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, discordando do pedido de quebra de sigilo bancário do presidente Temer, formulado pelo delegado federal que conduz o inquérito. Exatamente essa quebra de sigilo cujo suposto vazamento Barroso agora quer a Polícia Federal investigando.
Numa outra demonstração de que mantém um olho nos autos e outros na guerra de comunicação, o ministro Barroso deixou claro, ao determinar a investigação dos dois vazamentos, que a medida não envolvia o vazamento da informação para jornalistas.
Barroso presta muita atenção no clamor das mídias. Recentemente, durante um dos seus bate-bocas com o ministro Gilmar Mendes, Barroso citou imagens que viu na televisão para sustentar seus argumentos no processo em discussão. "Eu vi na TV a corridinha do homem da mala!", exclamou ele, irritado com Mendes, numa demonstração que os autos já não são necessariamente as únicas fontes de convicção de magistrados