quarta-feira, 31 de maio de 2017

CPMI para investigar JBS no Congresso corre risco de não ser criada



A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar o frigorífico JBS no Congresso Nacional corre o risco de não ser criada por falta de apoio. Deputados e senadores da base aliada conseguiram número de assinaturas pouco acima do necessário para a criação do colegiado. Neste cenário, caso algum parlamentar retire seu apoio, o pedido de instalação pode acabar rejeitado.

Para criar a CPMI, são necessárias 171 assinaturas de deputados e 27 de senadores. No entanto, de acordo com um dos autores do pedido, o líder do Podemos (antigo PTN), deputado Alexandre Baldy (GO), somente 174 foram reconhecidas, três a mais do que o mínimo necessário. No Senado, outras 32 assinaturas foram validadas, cinco a mais do que o mínimo necessário para abrir uma comissão. Entre os apoiadores da CPMI estão parlamentares de PMDB, PSDB e PT, entre outros partidos.
Diante do risco, Baldy e o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) atuam para garantir mais apoiadores. "Continuarei a colher assinaturas nesta terça-feira, 30, para eximir este risco", afirmou o deputado. O requerimento que pedia a instalação da comissão foi lido na semana passada pelo presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). Se nenhum parlamentar retirar assinatura, a expectativa é de que o ato de criação seja lido durante sessão do Congresso, marcada para 19h30.
A partir daí, os líderes partidários terão de indicar os membros. Só depois dessa fase é que a comissão poderá ser instalada. "Acredito que até a semana que vem possamos iniciar os trabalhos da CPMI para investigar essas questões", explicou o senador.

Como é praxe, os dois principais autores do pedido de instalação da CPMI devem comandar o colegiado. O acordo é para que Baldy seja o relator principal da comissão e o senador, o presidente. Os focos da CPI serão fiscalizar os contratos de empréstimos do BNDES às empresas do grupo J&F, o acordo de delação premiada dos donos e executivos da JBS, as operações no mercado de dólar e na Bolsa de Valores dos donos da empresa dias antes da delação ser divulgada e possíveis irregularidades fiscais e previdenciárias dessas empresas.
A JBS já é investigada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que regula e fiscaliza o mercado financeiro, por ter supostamente lucrado com a compra de dólar no mercado futuro em valor equivalente a R$ 1 bilhão, horas antes da divulgação das primeiras notícias sobre a delação da JBS