sexta-feira, 24 de março de 2017

PRESO NA CARNE FRACA DIZ QUE PEEMEDEBISTA RECEBEU 'MUITO DINHEIRO' DE FISCAL



Eleito por unanimidade nesta quinta-feira, 23, presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara, o deputado federal Sérgio Souza (PMDB-PR) tem seu nome citado em grampos da Operação Carne Fraca como tendo recebido “muito dinheiro” do fiscal apontado como líder do esquema criminoso no Ministério da Agricultura e preso pela PF, Daniel Gonçalves Filho. Na conversa, o representante de uma cooperativa agrícola chega a afirmar ainda que o parlamentar teria “rabo preso”.
O nome de Souza surgiu em um diálogo de 11 de abril de 2016 entre o ex-superintendente regional do Paraná e que estava lotado no Serviço de Vigilância Agropecuária no Porto de Paranaguá (PR) até a deflagração da operaçãGranp compromete deputadoo, Gil Bueno de Magalhães, e um interlocutor identificado como Francisco e que representa a Cooperativa Agroindustrial Castrolanda, em Castro (PR).
Em um determinado momento da conversa, Francisco pergunta a Gil sobre o deputado:
“Francisco: Gil, aquele, aquele Sérgio Souza, pelo que me falaram, ele tá, ele tá a favor do PT nessa história do impeachment, impeachment?
Gil: Hã han. Tá ele recebe, ele recebeu muito dinheiro do suspenso aí (em referência ao fiscal Daniel Filho, que na época havia sido suspenso devido a um processo administrativo no Ministério da Agricultura)
Francisco: Ah…ah, ele tá com o rabo preso
Gil: É (ininteligível) com ele é, entende?
Francisco: Humm
Gil: Então eu não sei o que ele vai
Francisco: Tá louco, quem escapa hoje em dia não?
Gil: É, é complicado, tá?
Francisco: É”
O diálogo ocorreu na véspera da votação na Câmara sobre a continuidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Na ocasião, o governo tentava conseguir os votos do PMDB, que foi eleito na chapa de Dilma e seu vice Michel Temer (PMDB) em 2014, mas acabou abandonando o governo na reta final do processo de afastamento da petista. No dia 17 de abril daquele ano, a Câmara aprovou, por unanimidade, a continuidade do processo de impeachment, que seguiu para o Senado.
Apesar das menções aos parlamentares, a PF não identificou suspeitas de crimes envolvendo os políticos com foro privilegiado. Desde novembro, a Procuradoria da República no Paraná compartilhou com o procurador-geral da República Rodrigo Janot os resultados dos grampos.
Não é a primeira vez que o nome do deputado, que agora vai presidir a comissão responsável por discutir a política agrícola do País, é citado como relacionado ao fiscal preso na Operação Carne Fraca. Na terça-feira, 21, a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) afirmou da tribuna do Senado que foi pressionada no ano passado por Sérgio Souza e Serraglio para manter Daniel Gonçalves no cargo. Até o impeachment, a senadora era ministra da Agricultura no governo Dilma.