domingo, 4 de setembro de 2022

Banco Central planeja que o real digital barateie custos de operações bancárias e aumente a inclusão no novo mercado financeiro
















 O real digital, futura moeda virtual oficial do país, está em elaboração pelo Banco Central. A previsão é que um projeto-piloto seja lançado no segundo semestre de 2024. O BC disse que planeja, com a versão digital da moeda, baratear custos de operações bancária e aumentar a inclusão dos consumidores no novo mercado financeiro, cada vez mais atrelado às redes e ao mundo virtual.

As diretrizes do real digital foram lançadas no ano passado. Não se trata de uma criptomoeda, porque será garantida pelo governo.

Algumas características dessa moeda virtual:

  1. vai ser emitida pelo BC, como uma extensão da moeda física, com a distribuição ao público intermediada pelos bancos e instituições de pagamento
  2. poderá ser trocado pelo real tradicional (em notas), e vice-versa
  3. a cotação frente a outras moedas também será a mesma
  4. não será permitido que os bancos emprestem a terceiros esses recursos, como acontece atualmente com o real físico, e depois os devolva aos clientes
  5. não haverá remuneração, ou seja, os recursos não terão uma correção automática
  6. haverá uma garantia da segurança jurídica, cibernética e de privacidade nas operações

O coordenador do real digital no BC, Fábio Araújo, afirmou que a iniciativa é um passo adiante na modernização do sistema bancário e de pagamentos no Brasil. Um estágio além do PIX, por exemplo.

“É toda uma trajetória de inclusão financeira. Você tem primeiro o PIX, com o acesso ao pagamento digital. Depois vem o open banking, quando o sistema financeiro começa a oferecer produtos que te atendam [a chamada personalização dos serviços bancários]. E o real digital traria eficiência para implementação desses produtos, tornando essa inclusão mais efetiva”, disse.

O economista do BC explicou também que, com o real digital, o governo vai possibilitar transações no novo mercado financeiro, caracterizado por ativos digitais.

Essas transações deverão ocorrer no ambiente virtual chamado Web3.

A nova rede é gerenciada por meio de plataformas públicas que armazenam as informações e transações (blockchains). Os dados ficam descentralizados, saindo da alçada de grandes empresas de tecnologia. A ideia é democratizar e baratear o acesso.

Hoje utilizada principalmente para investimentos e jogos, a Web3 ainda está em estágio inicial.

Segundo o BC, governos de quase 80 países, que correspondem a mais de 90% do PIB mundial, estão engajados com projetos de moedas digitais.

“Esse movimento faz parte da transformação digital pela qual vem passando nossa sociedade. Todos estão procurando definir esse espaço e determinar como uma moeda digital de banco central pode ajudar a trazer novas funcionalidade para os cidadãos”, continuou.

O projeto-piloto do segundo semestre de 2024 deve contar com apenas alguns participantes e valores limitados. O BC ainda não crava quando a moeda digital estará disponível para toda população, pois isso depende de os testes serem bem-sucedidos.

O coordenador do real digital do BC explicou que esse novo mercado financeiro digital possibilitará uma redução de custos nas operações, permitindo, por exemplo, que as chamadas fintechs (pequenas empresas, ou “startups”, de tecnologia que atuam no setor financeiro) popularizem produtos bancários.

Para colher sugestões das instituições financeiras, o BC anunciou, em novembro do ano passado, um laboratório de inovação. Foram recebidas 47 propostas, de 43 empresas e oito países diferentes. Dessas, nove foram escolhidas inicialmente. Entre elas, está um modelo de DvP, ou seja, entrega de um produto mediante o pagamento.

g1