sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Tese da anistia a Bolsonaro é uma ofensa ao povo brasileiro e à democracia

 


E propuseram algo tão repulsivo a Lula com a cara mais lavada. É impossível que não saibam que Lula jamais aceitaria discutir um acordo como esse que exala mau cheiro por todos os poros.

Temer, que apunhalou a presidenta Dilma pelas costas e roubou-lhe o mandato presidencial, abrindo caminho para o fascismo bolsonarista, prega a anistia no âmbito de um grande pacto nacional.

Noves fora a constatação óbvia de que Temer não desfruta de autoridade moral nem envergadura política para encabeçar quaisquer arranjos políticos que se pretendam sérios, ele pode perfeitamente estar legislando em causa própria.

Respondendo a vários processos por corrupção, deve alimentar a esperança de que uma eventual anistia a Bolsonaro pode acabar sendo estendida a ele também. Sonhar não custa nada.

Seja por sua biografia, compromisso democrático ou senso de justiça, Lula certamente não dará corda nem ao início dessa discussão. E também porque, a partir de 1º de janeiro de 2023, Bolsonaro, sem mandato, e portanto ao alcance das leis penais como qualquer cidadão, seguirá como pauta do Judiciário, do Ministério Público e do sistema criminal de justiça do país, e não do Executivo.

A anistia a Bolsonaro seria uma agressão inaceitável à memória das centenas de milhares de pessoas que perderam a vida devido à falta deliberada de ação do governo Bolsonaro, do charlatanismo do presidente e da sabotagem às medidas protetivas.

Anistiar os crimes em série de Bolsonaro e seus familiares convalidaria seus ataques ao estado de direito, contribuindo para fragilizar de forma perene o regime democrático.

A impunidade de Bolsonaro disseminaria na sociedade a convicção de que o crime compensa e que as instituições da República podem ser enxovalhadas ao bel prazer do governante autoritário de plantão.

Fora ao clã Bolsonaro, a quem interessaria varrer para debaixo do tapete os inúmeros casos de roubalheira no governo, muitos protegidos por sigilos de até 100 anos? 

Só há um aspecto interessante na proposta lesa-democracia de anistia a Bolsonaro: o reconhecimento explicito de que um delinquente governa o pais.

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Mais abjeto impossível

Nunca antes na história da ONU um governante usou sua tribuna para descer tão baixo. Sem a menor noção de onde está e o que representa a instituição, Bolsonaro fez de seu discurso palanque eleitoral, como se estivesse no picadeiro do cercadinho em frente ao Palácio Alvorada. Mas está acabando, o Brasil não suporta mais tanta humilhação. Os estudiosos do futuro se dedicarão a entender e explicar como o país permitiu a ascensão ao poder de um sujeito sem nenhuma virtude.

Por falar em cercadinho…

O publicitário Beto Viana, ouvido pelo jornal Folha de São Paulo, confessa que recebeu R$ 2 mil do site Foco do Brasil para fazer uma pergunta de araque para Bolsonaro, no cercadinho do Alvorada. A pergunta feita por Viana no dia 13 de abril de 2020 foi sobre a entrevista que o ex-ministro da Saúde, Henrique Mandetta, concedera ao Fantástico. Bola levantada, e comprada, para Bolsonaro cortar: “Eu não assisto a Globo.” Em termos de picaretagem, não falta mais nada.

Datafolha ouve 6.754 pessoas

É grande a expectativa no meio político em relação à próxima pesquisa do instituto Datafolha, a ser divulgada na noite da próxima quinta-feira (22). Ao registrar o levantamento no TSE, o Datafolha informou que serão ouvidas 6.754 pessoas em 393 cidades do país. O número de entrevistados é o maior entre todas as sondagens realizadas pelo Datafolha nas eleições deste ano. Também serão publicados os resultados da corrida para os governos da Bahia e de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

Ainda o Ipec

Um dado importante me escapou quando escrevi ontem um artigo sobre a última pesquisa do Ipec, mas faço questão de registrar aqui. É que Lula chega a 45% na sondagem espontânea, quase a totalidade dos 47% obtidos na estimulada. Isso significa nada menos do que 55% dos votos válidos. É preciso consultar melhor, mas deve ser a eleição brasileira em que um candidato exibe uma certeza de voto tão expressiva entre seus eleitores.