segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Brasileiro aumentou consumo de álcool, fez menos exercício físico e ficou mais obeso na pandemia, mostra pesquisa

 


Os efeitos da pandemia na saúde dos brasileiros foi arrasador, mesmo entre aqueles que não contraíram a covid-19. Durante o ano de 2020, quando o Brasil passou mais tempo em isolamento social para frear o avanço do coronavírus, houve aumento no consumo abusivo de bebidas alcoólicas e no sedentarismo entre a população brasileira, o que desencadeou a elevação da taxa de pessoas com doenças crônicas, como a obesidade. Isso é que mostra a pesquisa Doenças Crônicas e Seus Fatores de Risco e Proteção: Tendências Recentes no Vigitel, realizada pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS).

Em 2019, a obesidade atingia 20,3% dos adultos nas capitais do País, mas, em 2020, a doença passou a afetar 21,5% deste grupo, com maior prevalência nos Estados do Sul, Sudeste e Nordeste. Manaus (24,9%), Cuiabá (24,0%) e Rio de Janeiro (23,8%) lideram o ranking de maior incidência da obesidade. Até 2011, nenhuma capital havia ultrapassado a taxa de 20%.

O índice nacional chega a quase o dobro do que foi registrado 14 anos antes, em 2006, quando só 11,8% da população brasileira era portadora desse tipo de comorbidade. O ano marca a primeira vez que foi realizado o levantamento Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) pelo Ministério da Saúde, de onde os dados do IEPS foram extraídos. Foram entrevistadas 27.077 pessoas nesta edição do estudo.

A nota técnica do IEPS também traz um retrato de como a desigualdade socioeconômica é determinante para o surgimento de doenças crônicas. Nos estratos populacionais menos escolarizados – e, consequentemente, de menor renda -, a chance de adquirir enfermidades, como hipertensão e diabete, chega a ser duas vezes maior do que entre aqueles que tiveram acesso à educação formal por mais tempo.

É considerado pouco escolarizado o adulto que estudou por até oito anos. Na outra ponta, os mais escolarizados passaram mais de 12 anos nas salas de aula. Um homem ou mulher do primeiro grupo, em 2020, tinha quase 50% de chance de ser diagnosticado com hipertensão arterial – os dados indicam 44,7% de prevalência neste segmento. Já no segundo conjunto, a possibilidade era de apenas 15,2%. Em relação à diabete mellitus, a proporção foi de 15,2% ante 4,4%. No quesito obesidade, a comparação ficou em 25,3% e 19,3%, respectivamente.

O acesso à educação formal também está ligado a hábitos mais saudáveis. O sedentarismo está presente só entre 12,5% dos mais escolarizados em comparação ao índice de 20,9% entre aqueles com menos estudo. O mesmo ocorre em relação ao tabagismo: 5,5% contra 7,9%. O consumo abusivo de álcool, por outro lado, é maior entre aqueles que passaram mais tempo na escola e na universidade, com 23,8% de prevalência neste grupo, ante apenas 15% entre os de baixa escolaridade.

Estadão Conteúdo