sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Moro: Gilmar Mendes erra muito e Lula deveria estar preso

 


Em entrevista exclusiva ao canal de Youtube dei jornalista Felipe Moura Brasil, Sergio Moro explicou que evita reagir aos ataques de Gilmar Mendes por não querer transformar suas críticas ao Supremo Tribunal Federal em confronto pessoal com qualquer ministro, nem ser confundido com Jair Bolsonaro, que já reagiu à Corte com ameaças de golpe de Estado.

O pré-candidato do Podemos à Presidência da República, no entanto, apontou que Gilmar erra muito ao se despir do papel de magistrado e, também, ao proferir decisões que afetam o combate à corrupção, junto com parte do Supremo.

Leia o trecho…

“Eu não tenho nenhum problema em falar sobre o STF. Eu respeito o STF como instituição. Acho que ali tem bons ministros. Vou citar aqui o presidente Luiz Fux. Acho que é um grande magistrado. Ele inclusive votou vencido nessas anulações da condenação do ex-presidente Lula. Ele sempre decidiu em favor da operação Lava Jato e do combate à corrupção. Então a gente tem que respeitar a instituição. Como o STF foi atacado duramente pelo presidente atual, Bolsonaro, e ficou aquele viés anti-instituição, eu não quero ser confundido com isso.

Então, quando eu trato do STF, eu quero sempre ser bastante cuidadoso para deixar claro que eu acho que é uma instituição importante, relevante, mas também não tenho me abstido de dizer que foi um baita erro judiciário a anulação da condenação do ex-presidente Lula. Não existe nenhum motivo para essa anulação.

Aliás, o STF, em março de 2018, foi quem autorizou a prisão do ex-presidente. Eu não decretei a [prisão] preventiva dele. Até poderia. Tinha motivos. Porque ele passava o tempo todo atacando o Judiciário e buscando intimidar o Judiciário e impedir que a gente fizesse o nosso trabalho. Por muito menos, o Supremo prendeu o Roberto Jefferson. Enfim, esperei o julgamento da primeira instância. Proferi a sentença. Esperei que o tribunal de Porto Alegre [TRF-4] confirmasse a decisão. E foi o tribunal de Porto Alegre que mandou expedir o mandado de prisão. Mas só fez isso porque o ex-presidente tinha tido um habeas corpus denegado pelo STF em março de 2018. E ele foi preso. E ele foi lá cumprir a pena, onde ele deveria estar até hoje: cumprindo essa pena.

Veio o STF, reviu a prisão em segunda instância. Foi a pior decisão, a meu ver, da história do STF, por maioria. Eu tentei lutar contra isso. E depois veio a anulação da condenação do ex-presidente, com uma fantasia de que ele foi perseguido, e nunca foi. Nunca tratei isso do ponto de vista pessoal”