terça-feira, 14 de abril de 2020

Mandetta "cruzou a linha da bola", diz Mourão

Vice-presidente Hamilton Mourão no 'Estadão Live Talks'

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta terça, 14, que o ministro da Sáude Luiz Henrique Mandetta "cruzou a linha da bola" na entrevista no domingo ao Fantástico, da TV Globo. Mandetta disse que a população não sabe se deve acreditar nele ou no presidente Jair Bolsonaro.

"Acho que ele cruzou a linha da bola. Não precisava ter dito determinadas coisas", disse Mourão, primeiro convidado da série Estadão Live Talks com Alberto Bombig, editor da Coluna do Estadão, Eliane Cantanhêde, colunista do Estado, e Tânia Monteiro, repórter da Sucursal de Brasília.

Ao Fantástico, no domingo, o ministro da Saúde cobrou uma fala única do governo nas orientações sobre o enfrentamento do novo coronavírus. "O brasileiro não sabe se escuta o ministro da Saúde, o presidente, quem é que ele escuta", disse. Como revelou o Estado, a entrevista de Mandetta foi encarada por interlocutores e integrantes do Palácio do Planalto como uma provocação ao presidente, com quem trava uma guerra pública sobre medidas de enfrentamento ao novo coronavírus.

O vice-presidente disse que as discordâncias entre Mandetta e Bolsonaro precisam ser resolvidas "intramuros", e não via imprensa. Mourão afirmou ainda ser contra trocar de ministro de Saúde neste momento. "É uma decisão do presidente (tirar um ministro ou não)", disse. "Eles ficam até que perdem a confiança do presidente. Existe muito tititi, mas julgo que o presidente não deve mudar ministro nesse momento. Cabe mais uma conversa ali, chamar ele e dizer para eles acertarem a passada, para que as coisa sejam discutidas intramuros e não via imprensa."

"O trabalho técnico da equipe da Saúde é considerado muito bom. Com a coordenação agora do centro de operações capitaneado por Braga Netto, também. É um trabalho muito setorial, envolve mais ministérios", disse o vice-presidente.

Mourão afirmou que a crise do coronavírus está sendo politizada e disse que o presidente Jair Bolsonaro tem "extrema preocupação" com a população desassistida. Para ele, a "politização" da crise é resultado da polarização política no País.