sábado, 25 de abril de 2020

22% dos casos de covid-19 em Curitiba são profissionais dos serviços de saúde



Apesar de ter se tornado um símbolo dos pacientes que lutam contra o coronavírus em Curitiba, o médico Jamal Bark, que trabalha na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Boqueirão, não é o único profissional da saúde que foi contagiado pela Covid-19.

Entre os 476 casos confirmados de coronavírus até esta quinta-feira (23) em Curitiba, 105 são de profissionais que atuam na linha de frente de combate à doença. Nesta conta, não estão apenas médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, mas também profissionais da portaria, recepção, zeladoria e demais atividades que envolvem o funcionamento de unidades de saúde, hospitais e consultórios que atendem casos da doença na capital. O número representa 22% do total de casos confirmados no município.

Internado desde o dia 19 de março no Hospital Marcelino Champagnat, Jamal Bark, que também atende no sistema público de saúde de Rio Branco do Sul, na Região Metropolitana, teve seu estado de saúde atualizado quase que diariamente nas transmissões ao vivo feitas pela Prefeitura de Curitiba para divulgar os novos casos da doença. Depois de semanas na UTI e no suporte de ventilação mecânica, a última notícia dada pela secretária de saúde Márcia Huçulak é de que o médico já estaria tão bem que, mesmo diabético, “pediu para tomar uma Coca Cola”. Ele não está mais na UTI, mas continua internado.

O caso grave que o médico desenvolveu, no entanto, não tem sido o padrão entre os demais profissionais da área. De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba (SMSC), a maioria foi de casos leves: 93 não precisaram ser internados, e cumprem ou cumpriram o prazo mínimo de 14 dias de isolamento em casa.

Até agora, apenas 12 profissionais dessa categoria precisaram ser internados, e oito deles já receberam alta hospitalar. Entre os quatro que estão internados neste momento, apenas uma profissional apresenta quadro mais grave, necessitando de suporte respiratório.

A maior parte dos contágios ocorreu no início da pandemia em Curitiba: 64 desses trabalhadores já cumpriram os dias de isolamento e voltaram ao trabalho normalmente. Segundo a infectologista da SMSC, Marion Burger, ao serem detectados os sintomas em alguém da “linha de frente” o tratamento é o mesmo dado a qualquer outra pessoa. “Eles ficam no mínimo 14 dias em isolamento e, completando isso, podem voltar a trabalhar depois de três ou quatro dias sem apresentar nenhum sintoma”, explica.