quarta-feira, 22 de abril de 2020

Médicos já estão tendo que decidir quem vai para a UTI e quem não vai



Muitos médicos, em diversos hospitais, já estão sendo de escolher quem vai para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e quem não vai. O que significa, muitas vezes, uma sentença de morte para quem não consegue a vaga.


São Paulo tem 15.385 casos confirmados e 1.093 mortes por Covid-19 nos dados desta terça-feira (21). E o número de mortos e infectados pode ser muito maior.
As autoridades da área da saúde reconhecem que a subnotificação é grande porque só estão sendo testadas as pessoas internadas e ainda não saíram os resultados dos testes de muitos dos que morreram com suspeita da doença.
A afirmação é do médico Jaques Sztajnbok, do Hospital Emílio Ribas, referência no tratamento de doenças infectocontagiosas em São Paulo. Ele disse a Folha e a GloboNews que o Emílio Ribas tem 30 leitos de UTI e todos ocupados. Um novo paciente só pode ser admitido quando um leito fica vago, seja por alta ou por falecimento de outra pessoa.
“Quando eu tenho zero vagas e olho [no sistema] que há seis solicitações para uma vaga, a situação já se delineia. Quando aparece uma vaga e essas mesmas 6 solicitações continuam lá, essa escolha acaba sendo indiretamente efetivada. Mesmo sem a dramaticidade de estar com os dois pacientes na minha frente, com um único aparelho”, disse o médico.
Ele disse ainda que não é possível responder “objetivamente” se estamos no pico de casos da Covid-19 ou se ainda caminhamos para esse cenário porque “não se sabe qual é o comportamento dinâmico dessa epidemia”.