quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

'SEMPRE PEÇO PARA NÃO MORRER COM TANTOS DISPAROS', DISSE EM 2017 JORNALISTA EXECUTADO

Léo Veras Foto: Reprodução/Abraji

O jornalista brasileiro Léo Veras, executado ontem por pistoleiros na fronteira com o Paraguai, vivia há anos com a perspectiva de ser assassinado. Em 2017, ao ser entrevistado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Veras afirmou que esperava “não morrer com tantos tiros”.

"A gente tem que morrer um dia, eu sempre peço que não seja tão violenta a minha morte, não seja com tantos disparos de fuzil. Porque aqui, se um pistoleiro quer te matar, ele vem na tua porta, manda você abrir e ele te dá um disparo. Peço que seja só um disparo pra não estragar tanto a pele", disse Veras, no documentário de lançamento do Projeto Tim Lopes, da Abraji, que se encarrega de investigar casos de assassinato de jornalistas no exercício da função, bem como dar continuidade à investigação que eles conduziam no momento da morte.

O documentário é sobre o assassinato de outros dois jornalistas, Paulo Rocaro e Luiz Henrique Turo. Veras fala sobre o trabalho dos antigos colegas, e também da dureza para jornalistas trabalharem na região.

Veras também falou da limitação social que a falta de segurança para os jornalistas lhe impunha:

"Eu e a minha esposa, a gente quase não participa de festa social, a não ser lugares em que a gente sabe que é de segurança"

Segundo a polícia paraguaia, Veras foi morto com 12 tiros na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, que faz fronteira com Ponta Porã (MS), enquanto jantava com sua família no quintal de casa.

Veras fazia reportagens em um site brasileiro, em português e espanhol. Ele denunciava crimes como tráfico de drogas na região.