
Um jovem de 29 anos que foi vítima de um roubo passou nove meses preso confundido com o ladrão que o roubou. Jefferson de Azevedo Barcellos teve sua mochila com carteira de trabalho e celular roubados, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, por um bando que usava um Fiesta preto em 29 de agosto de 2017. Quando foi abordado, ele andava em direção à sua casa, no bairro do Fonseca, após um dia de trabalho no Mercado São Pedro, onde é gerente de um restaurante. Dois anos depois, a Justiça decretou sua prisão pelo roubo do carro usado para assaltá-lo.
Na noite em que foi roubado, Jefferson foi à 78ª DP (Fonseca) e fez um registro de ocorrência. Na delegacia, contou que um homem com uma pistola saiu do carro e gritou: “Passe o celular”. O jovem obedeceu, deu tudo que estava em seu poder e, em seguida, ainda foi revistado pelo criminoso. Quando chegou em casa, Jefferson ainda comunicou o caso a seu chefe por uma rede social: “Ele saiu rápido, botou a arma na minha cara e pediu o celular”, escreveu o jovem, segundo arquivos que fazem parte do processo.
O Fiesta preto usado no crime havia sido roubado pouco antes de Jefferson ser abordado na cidade vizinha de São Gonçalo. O dono do carro relatou na 72ª DP (São Gonçalo), no dia seguinte ao crime, que conduzia o carro pelo bairro de Trindade quando foi abordado por cinco jovens a pé. Três estavam armados e o mandaram sair do carro. O dono do carro ainda foi revistado antes dos ladrões entrarem no veículo e fugirem.
Ainda de acordo com o depoimento da vítima, o carro possuía GPS e ele conseguiu localizá-lo, na manhã seguinte ao crime, abandonado em Santa Luzia, São Gonçalo. Dentro do veículo, ele encontrou a carteira de trabalho de Jefferson — que estava entre os bens do jovens roubados no dia anterior. Na delegacia, o dono do carro afirmou que reconhecia o jovem que aparecia na foto do documento como um dos assaltantes que estava armado no momento do crime.
A partir do reconhecimento, a foto de Jefferson foi incluída no livro de suspeitos da 72ª DP, mostrado a todas as vítimas de roubos que procuravam a distrital. Em 2018, o gerente de restaurante foi reconhecido pela mesma foto, por uma vítima de outro crime: um roubo de celular em Niterói. Nos dois casos, o Ministério Público denunciou Jefferson, e a Justiça decretou a prisão preventiva do jovem. Ele foi preso por policiais da 77ª DP (Icaraí) no restaurante onde trabalhava, em abril do ano passado.