sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Raul Jungmann nega omissão em relação a venezuelanos em Roraima



Após visitar os centros de recepção e triagem de imigrantes na fronteira entre Brasil e Venezuela, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse hoje (23) que episódios de violência que levaram à saída de venezuelanos da cidade de Pacaraima (RR) não são de responsabilidade do governo federal.
“A responsabilidade de fatos como esse tem que ser atribuída à situação trágica que se vive na Venezuela e obviamente essa migração se dá num ponto do Brasil cuja infraestrutura é muito incipiente. O governo federal tem procurado fazer tudo o que está ao seu alcance”, disse Jungmann a jornalistas durante sua visita ao município de Pacaraima.
Questionado se o governo não teria sido omisso em deixar mais de mil imigrantes sem assistência nas ruas de Pacaraima, Jungmann rebateu que a responsável pelos conflitos é a própria crise no país vizinho. Ele enfatizou que a situação é resultado de uma dificuldade que extrapola as fronteiras de vários países.
O ministro reconheceu que existe tensão, mas ponderou que o controle da situação não depende de uma solução isolada do governo federal. “Tem problema tem, tem tensão tem. Onde migração, no mundo, não cria tensão, não cria conflito? Agora, a postura correta é uns procurarem ajudar os outros pra fazer com que rapidamente essas tensões e conflitos possam ser superados e a gente possa viver na normalidade”.
O ministro ainda descartou totalmente a possibilidade de fechamento da fronteira, em respeito a acordos internacionais, à legislação nacional e à política internacional brasileira de recepção humanitária de imigrantes.
Ele citou como exemplo a Colômbia, que recebeu mais de um milhão de venezuelanos e não cogitou fechar a fronteira. E comentou ainda que a Organização dos Estados Americanos (OEA) já convocou uma reunião emergencial para tratar da crise migratória na região.
Segurança
Mais 40 estações de trabalho serão adicionadas nos postos de triagem para agilizar o processo de registro e documentação dos imigrantes. O objetivo é evitar que eles fiquem nas ruas enquanto esperam a regularização dos documentos.
Sobre o reforço da segurança na região, Jungmann reafirmou que o patrulhamento será reforçado com 120 homens da força nacional (60 deles ainda estão a caminho via terrestre com 16 veículos). Além do contingente de 220 integrantes das forças armadas que já estão na região e passarão a fazer patrulhamento ostensivo na fronteira em apoio à Polícia Federal. O ministro disse ainda que a PF receberá R$ 2 milhões para reforçar sua atuação na fronteira.
O ministro acrescentou que o governo do estado também deve aumentar o efetivo de policiais na cidade, principalmente de agentes da polícia civil para dar continuidade aos inquéritos e investigações que estão em andamento. Em nota, o governo estadual disse que um edital já está aberto para realização de concurso para diferentes áreas da polícia.
Saúde
Jungmann também foi questionado pelos jornalistas sobre a instalação de um hospital de campanha em Pacaraima para desafogar os hospitais locais que estão sem vagas para atender a brasileiros e venezuelanos.
Segundo o ministro, a cidade já conta com uma unidade deste tipo, mas a informação é negada pela gestão estadual. Em seguida, o Exército esclareceu que se trata de um posto avançado que dá apoio a um Hospital de Campanha.(ABr)