
O governo de Michel Temer fez um duro e raro ataque contra o mais alto representante da ONU para Direitos Humanos, Zeid Al Hussein, mostrando que ele se baseou em desinformação. Curiosamente, a área de Direitos Humanos da ONU tem sido utilizada pelo PT para apoiar ações em defesa do ex-presidente Lula, réu em seis processos de corrupção, tendo sido condenado em apenas um deles a 9 anos e meio de prisão.
Na segunda-feira, o alto representante da ONU disse que o "escândalo" de corrupção no Brasil revela como o problema está profundamente enraizado em "todos os níveis de governo" e ameaça a democracia. Hussein é o mesmo que acolhe com entusiasmo qualquer reclamação do PT contra o Brasil.
"Não podemos, em especial, deixar que desinformação nos leve a falsas conclusões", alertou a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Nazareth Farani Azevedo, nesta terça-feira. "Discordamos fortemente do comentário apressado, injustificado e injusto que ele (Zeid) fez sobre o Brasil em seu discurso circulado ontem", afirmou.
O Brasil foi um dos 40 países citados por Zeid ao abrir os trabalhos do Conselho de Direitos Humanos da ONU por conta de diversas violações. A menção ao Brasil foi feita explicitamente no contexto da corrupção e seus impactos.
Ao responder, a embaixadora garantiu que o Brasil está "seriamente engajado em uma luta contra a corrupção que deixa evidente, para que todos vejam, não apenas nosso apreço à Justiça e ao estado de direito, mas também ao fortalecimento de nossas instituições democráticas e ordem constitucional".
Atacando a forma de o Conselho de Direitos Humanos agir, o Brasil ainda indicou que está "engajado em discussões" para que o processo na ONU seja baseado em um "diálogo construtivo" e na "busca de soluções sensatas". "A eficiência desse órgão não depende apenas de seu valor intrínseco, mas também da adequação de suas decisões", afirmou.
Citando Zeid, ela disse ainda que, se a história for um guia, a era do medo e perplexidade pode gerar "divisão e rejeição" entre a comunidade internacional. "Contra essa onda, reitero o compromisso do Brasil em promover uma ordem mundial multilateral, equitativa e baseada em regras, onde a proteção e promoção de direitos humanos são salvaguardas", disse.
Ao circular seu discurso na segunda-feira, Zeid apontou que "a corrupção viola o direito de milhões de pessoas pelo mundo, ao roubar deles o que deveria ser um bem comum e impedindo direitos fundamentais como saúde, educação ou acesso à Justiça".
"Recentes escândalos de corrupção, incluindo sérias alegações com altos funcionários do Brasil e de Honduras, mostram como a corrupção está profundamente enraizada em todos os níveis de governo em muitos países das Américas, muitas vezes ligados ao crime organizado e tráfico de drogas", afirmou Zeid.
Em fevereiro, ao reassumir o assento no Conselho de Direitos Humanos da ONU, o governo brasileiro fez questão de declarar que suas instituições estão funcionando e que têm como um dos seus objetivos lutar contra a corrupção.
Por um ano, por opção do governo de Dilma Rousseff, o Brasil se manteve fora do Conselho da ONU. Mas decidiu por voltar no final de 2016 e, em fevereiro, reassumiu seu posto por dois anos.