sexta-feira, 29 de setembro de 2017

PF INTIMA OKAMOTTO A PROVAR SERVIÇOS DE FILHOS DE LULA A INSTITUTO



A Operação Lava Jato avança sobre duas empresas de filhos do ex-presidente Lula. A Polícia Federal intimou o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, a apresentar comprovantes da prestação de serviços das empresas dos Lula à entidade. Os investigadores apuram se pagamentos feitos pelo Instituto à FlexBR e à G4 Entretenimento foram realizados por serviços prestados ou forma de ocultar propina.
“Expeça-se ofício ao Instituto Luiz Inácio Lula da Silva, na pessoa do presidente, sr. Paulo Tarciso Okamotto, solicitando a apresentação de toda a documentação disponível, formal e informal, tais como notas fiscais, registros audiovisuais e quaisquer outros comprovantes que atestem a efetiva prestação de todos os serviços tomados das empresas FlexBR Tecnologia LTDA e G4 Entretenimento e Tecnologia Digital Ltda”, solicitou o delegado Dante Pegoraro Lemos, da PF.
O ofício foi enviado a Paulo Okamotto em 3 de agosto. O documento foi anexado a um inquérito da Lava Jato na quinta-feira, 31. As empresas foram alvo da Operação Aletheia, que em março de 2016 levou coercitivamente o ex-presidente.
A FlexBR é controlada por dois filhos do ex-presidente – Marcos Claudio e Sandro Luis – e uma nora – Marlene Araujo. A G4 é de um dos filhos do petista, Fabio Luis (50% do capital social), e dos irmãos Kalil Bittar e Fernando Bittar – um dos donos do sítio de Atibaia, propriedade que a Lava Jato diz ser de Lula. As duas empresas funcionam no mesmo endereço, no centro de São Paulo.
Relatório do Ministério Público Federal, no Paraná, de 20 de fevereiro de 2016, apontou que a FlexBR recebeu R$ 114 mil do Instituto Lula, em 2014, e R$ 72.621,20 da L.I.L.S. Palestras, Eventos e Publicações – a empresa de palestras de Lula – entre 2013 e 2014. De acordo com a Procuradoria da República, entre 2009 e 2014, a FlexBR ‘não registrou funcionário algum’. A atividade empresarial da FlexBR é ‘consultoria em tecnologia da informação’.
A força-tarefa da Lava Jato apontou a G4 recebeu do Instituto Lula R$ 1.349.446,54 entre 2012 e 2014. Segundo o cadastro na Receita, a G4 tem como atividade econômica principal o ‘suporte técnico, manutenção e outros serviços em tecnologia da informação’.
“De longe, dentre os destinatários dos recursos da entidade, é a empresa que mais recebeu recursos. Como parâmetro, repisando que se trata de análise dos dados ora disponíveis, a G4 recebeu em 2014 mais que todas as demais empresas destinatárias de valores do instituto e, entre 2011 e 2014, recebeu mais recursos que as cinco empresas que mais receberam da entidade após a própria G4”, apontou a Procuradoria.
“No período de 2009 a 2014, a empresa teve o seguinte modesto quadro de empregados: em 2009, zero empregados; em 2010, zero empregados; em 2011, um empregado; em 2012, três empregados; em 2013, oito empregados; e em 2014, seis empregados. Relevante indicar que, entre 2013 e 2014, quando teve uma redução no quadro de empregados, os recebimentos da G4 vindos do Instituto saltaram de R$ 263.489,54 para R$ 1.067.657,0041.”
Além do ofício ao Instituto Lula, a PF requereu que seja identificado, nos registros contábeis das empresas investigadas na Operação Lava Jato, ‘todos os lançamentos relativos à pessoa jurídica do Instituto Lula’. O delegado quer esclarecer ‘a que título foram escrituradas (eventos fiscais de entrada e saída)’.
“Apresentar outras eventuais informações consideradas úteis em comparação à movimentação bancária”, solicitou. “Solicite-se que, a depender do volume de trabalho avaliado preliminarmente pelo Setec, deverá ser feito laudo específico, com prioridade, acerca dos registros de saída relativos aos pagamentos às empresas Coskin Assessoria e Consultoria Ltda, FlexBR Tecnologia Ltda e G4 Entretenimento e Tecnologia Digital Ltda.”
As defesas de Paulo Okamotto e Lula não se manifestaram.
O Instituto Lula informou que houve prestação de serviços. (AE)