quinta-feira, 20 de julho de 2023

Governo federal vai gastar mais com juros do que com a Saúde, Educação e Desenvolvimento Social


 












O governo federal prevê que o gasto com juros da dívida neste ano deva chegar a R$ 680 bilhões. A informação foi dada pelo secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, durante entrevista sobre o novo Boletim Macrofiscal, divulgado nesta quarta-feira (19).

O valor ultrapassa a soma do orçamento previsto em 2023 de três dos maiores ministérios do governo: Desenvolvimento Social, Saúde e Educação. “É praticamente todo o gasto social do país”, afirmou Mello.

Segundo o secretário, a manutenção da taxa Selic, que está desde agosto do ano passado em 13,75% ao ano, pelo Banco Central, é descolada do resto do mundo. Cada ponto porcentual pode corresponder a uma parcela de R$ 40 bilhões.

No início da semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o resultado do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR) veio “como o esperado” diante do patamar “muito elevado” do juro real. De acordo com a divulgação feita anteontem pelo BC, a economia brasileira apresentou forte contração em maio. O IBC-Br do mês caiu 2%.

Hoje Mello seguiu essa linha ao criticar a taxa de juros e vincular o patamar aos resultados recentes do nível de atividade econômica. “Isso tem impacto no nível de atividade, em particular a setores mais ligados ao mercado de crédito, como varejo, setor industrial, algumas partes do setor de serviços. Impacta também do ponto de vista das receitas, com menor renda disponível das famílias, menor lucratividade, e a arrecadação tende a desacelerar dada a atividade dos setores, e isso representa impacto na trajetória de endividamento”, disse Mello, ressaltando também os efeitos no mercado de trabalho.

Ele voltou a defender que já existem “condições colocadas há algum tempo”, como os dados de inflação, que permitem um “processo vigoroso e sustentado” da redução da taxa de juros. “Esse ciclo (de corte) que ainda está para se iniciar da queda de taxa de juros terá uma importância significa do ponto de vista fiscal, econômico, social e no mercado de trabalho”, disse Mello, para quem é importante que o País se “aproxime minimamente” dos seus pares internacionais. “Brasil está muito à frente no processo de desinflação”, completou.

R7 com Estadão Conteúdo