segunda-feira, 24 de julho de 2023

Universidades demitiram apenas 6% dos professores acusados de assédio sexual nos últimos 10 anos















 Roberta* era aluna da Universidade Federal de Roraima (UFRR), em 2014, quando teria sido assediada por um de seus professores.

Segundo o relato da estudante, o docente tentou beijá-la após uma carona. Roberta* negou e disse que gostaria que a relação entre os dois se mantivesse apenas no âmbito professor-aluna.

A estudante disse que o docente recusou o “não”, a beijou à força e apalpou seus seios. O caso foi levado à direção da universidade quase um ano depois, em março de 2015.

Roberta* explicou à comissão responsável por analisar o caso que, “pelo fato de ser aluna, acreditava não ter credibilidade para fazer a denúncia contra o professor”.

Ela só foi convencida a formalizar o processo por um outro docente da faculdade. Esses relatos estão em uma investigação da universidade à qual a reportagem teve acesso.

O caso de Roberta* é um dos mais de 270 registrados em universidades federais de todo o país e representa uma minoria: um caso em que o professor acusado foi punido pela instituição.

A CNN realizou um levantamento exclusivo e inédito sobre o quadro de denúncias de assédio sexual contra professores nas universidades brasileiras.

Os dados foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação e indicam que apenas 6% dos processos resultaram em demissões dos docentes acusados desse tipo de conduta.

O número de denúncias provavelmente é subdimensionado, segundo especialistas ouvidos pela CNN, já que muitos estudantes, sobretudo mulheres, evitam apresentar as denúncias formalmente.

CNN Brasil