sábado, 4 de março de 2023

Gleisi Hoffmann defende afastamento de ministro das Comunicações


 













A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, defendeu o afastamento do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, alvo de denúncias de irregularidades. Em entrevista à coluna nesta quarta-feira (1º/3), na sede do PT, em Brasília, Hoffmann disse que um pedido de afastamento do ministro para explicar as denúncias em que tem sido envolvido impediria o “constrangimento” do governo.

Juscelino Filho tem sido alvo de diversas denúncias que colocam em suspeita sua capacidade de seguir no governo. No dia 2 de janeiro, a coluna revelou que o ministro contratou a consultoria de uma ex-diretora do Tribunal de Justiça do Maranhão que foi condenada por fraudar a folha de pagamento da Corte. Ainda no primeiro mês do ano, o Estadão mostrou que Juscelino também usou o orçamento secreto para asfaltar uma estrada que passa em frente à sua fazenda, em Vitorino Freire (MA). Também foi revelado pelo jornal que o ministro voou de avião da FAB para ir a um leilão de cavalos de raça. Nesta semana, o colunista Rodrigo Rangel, do Metrópoles, mostrou que Juscelino pressionou uma estatal a contratar uma empresa suspeita de irregularidades.

Juscelino Filho é o herdeiro de um clã maranhense cujo chefe político é seu pai e padrinho na política, o enrolado Juscelino Rezende, que controla politicamente a cidade de Vitorino Freire, no interior. Conforme mostrou a coluna nesta semana, ele é réu pelo assassinato de um agiota em Vitorino Freire, hoje governada pela irmã do ministro, e também foi acusado de cinco crimes pela CPI do Narcotráfico da Câmara.

“Acho que o ministro devia pedir um afastamento para poder explicar, justificar, se for justificável o que ele fez. Isso impede o constrangimento de parte a parte”, disse.

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, foi indicado por Davi Alcolumbre, que se apresentou em dezembro a Lula como um negociador chancelado pelo União Brasil para decidir quem do partido iria para quais cargos no primeiro escalão.

Ainda sobre o União Brasil, Hoffmann disse que não é possível ter qualquer conversa com o senador Sergio Moro, senador pela sigla, mas disse entender que a sigla não vá ter a adesão de todos os seus quadros — situação semelhante à de Deltan Dallagnol, seu conterrâneo e colega na Câmara dos Deputados.

Juscelino Filho não foi o único integrante alvo do escrutínio da presidente do PT. Nesta quinta-feira, a primeira parte da entrevista à coluna mostrou sua sinalização de paz para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que, segundo ela, está correto ao buscar uma mediação entre a visão desenvolvimentista do PT e de Lula e majoritariamente fiscalista do mercado. Enquadrou ainda o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, por ter indicado ao Conselho de Administração da Petrobras nomes do Centrão com uma visão também distante da defendida por Lula na campanha. A deputada também pediu que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, saia do cargo.

Leia a seguir este trecho da entrevista com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann e, ao fim do texto, assista ao vídeo com toda a segunda parte da conversa.

O que o governo federal quer fazer no Congresso?

Vamos sentir a partir deste mês. Espero uma relação de respeito e consideração, e que obviamente o presidente da Câmara trate as bancadas com os direitos previstos no regimento, e que não queira tratorar ninguém. A oposição lá é uma oposição mais barulhenta. Aquele pessoal mais bolsonarista mesmo, quem fica gritando no plenário, agredindo o Lula, agredindo o PT, enfim, mas não tem capacidade de mudar posições dos demais deputados, principalmente do Centrão.

Você já esbarrou na Câmara com o Deltan Dallagnol, seu conterrâneo?

Não, nunca vi lá.

Por Guilherme Amado – Metrópoles.