terça-feira, 6 de setembro de 2022

Papa Francisco beatifica João Paulo I, o ‘papa sorridente’


 














O Papa Francisco beatificou, neste domingo em Roma, João Paulo I, conhecido como “o papa sorridente”, que em 1978 ocupou o trono de Pedro por 33 dias, em um dos pontificados mais curtos da história.

Milhares de fiéis, incluindo o presidente italiano Sergio Mattarella, assistiram à missa de beatificação na Praça de São Pedro sob chuva. A missa é a etapa anterior à canonização que eleva um fiel católico falecido à dignidade de santo.

Durante a cerimônia, uma grande tapeçaria representando João Paulo I foi pendurada em uma das paredes da Basílica de São Pedro.

— Com seu sorriso, o Papa Luciani conseguiu transmitir a bondade do Senhor. Uma Igreja de rosto alegre, sereno e sorridente é bela, que nunca fecha suas portas, que não endurece os corações, que não se queixa nem guarda ressentimentos, que não está zangado ou impaciente, que não se apresenta com dureza nem sofre de nostalgia do passado —, disse o Papa Francisco durante a homilia.

Albino Luciani, que assumiu o nome de João Paulo quando foi eleito papa em agosto de 1978, aos 65 anos, era uma figura popular e próxima dos paroquianos.

Ele sucedeu Paulo VI e foi o último papa italiano até hoje. Ele morreu de ataque cardíaco 33 dias e 6 horas depois de assumir o cargo.

Na madrugada de 29 de setembro de 1978, uma freira descobriu seu corpo sem vida, sentado na cama, com os óculos e algumas folhas nas mãos. Não foi realizada uma autópsia para confirmar a causa da morte.

O anúncio de sua morte foi cercado de inconsistências e informações falsas e até alimentou a teoria de um assassinato por envenenamento para impedi-lo de colocar ordem nos negócios da Igreja e, em particular, no banco do Vaticano, onde havia sido detectado desvio financeiro .

Mas esta “hipótese da conspiração” deveu-se sobretudo à “comunicação calamitosa” do Vaticano, segundo Christophe Henning, jornalista e autor do livro “Petite vie de Jean Paul Ier” (Vida curta de João Paulo I).

Assim como Henning, muitos especialistas rejeitam essa hipótese, considerando que ela se baseia mais em um conjunto de coincidências do que em elementos tangíveis.

Gentil com todos

Albino Luciani nasceu em 1912 no norte da Itália, em uma família modesta da classe trabalhadora. Foi seminarista e doutorou-se em Teologia. Em 1969 Paulo VI o nomeou Patriarca de Veneza e em 1973 foi elevado a Cardeal.

Considerado um homem de consenso, ele conseguiu durante seu breve pontificado imprimir um estilo mais simples no exercício de sua missão, embora permanecesse isolado dentro da Cúria, o governo do Vaticano.

Ele defendeu a oposição da Igreja ao aborto e métodos contraceptivos, enquanto iniciava a reforma interna. Muito sensível à pobreza, ele também afirmou a importância de dar um “salário justo” a todos.

A beatificação requer o reconhecimento de um milagre. O atribuído a Albino Luciani é a cura em 2011 em Buenos Aires de uma menina de 11 anos que estava morrendo, mas que se recuperou graças às orações de um padre invocando João Paulo I.

Para ser canonizado, o Vaticano deve reconhecer um segundo milagre.

Entre os papas recentes, foram canonizados os italianos João XXIII (1958-1963) e Paulo VI (1963-1978) e o polonês João Paulo II (1978-2005).

O Globo