sábado, 2 de julho de 2022

Exposição da intimidade, como a vivida por Klara Castanho, pode causar danos mentais irreversíveis


 











Nos últimos dias, a violência e violação de meninas e mulheres ficou ainda mais em pauta no Brasil, principalmente devido à exposição dos casos da atriz Klara Castanho, de 21 anos, que assumiu ter dado para adoção uma criança gerada a partir de um estupro, e da menina de 11 anos de Santa Catarina, que teve dificuldades em conseguir fazer um aborto legal de um feto fruto também de um abuso sexual.

A exposição pública da violência e reviver as agressões causam danos ainda maiores às vítimas quando associados ao julgamento da sociedade. A psicóloga Talita Carvalho, conselheira do CRP/SP (Conselho Regional de Psicologia de São Paulo), explica que essa situação aumenta a sensação de culpa vivida pelas pessoas agredidas, principalmente no caso de mulheres.

“Elas estão sendo expostas e esses homens que praticaram as violências, onde estão? Isso vai criando nas mulheres ainda mais culpa. Ao invés de desconstruirmos essa coisa que a mulher não tem culpa da violência que sofre, vai aumentando essa culpa. Porque a vítima pensa: aconteceu isso comigo e quem está sendo julgada sou eu, quem está sendo linchada publicamente sou eu. Com eles, não está acontecendo nada. O julgamento é uma forma de violência também”, destaca a psicóloga.

A psicanalista Andréa Ladislau acrescenta que, em momentos como esses, é complicado manter o autocontrole. “É muito difícil a pessoa conseguir ter o pé no chão e a cabeça mais consciente quando tem mil dedos apontados na direção dela. Sem um autocontrole, ela começa a desenvolver a culpa para dentro de si”.

R7