sexta-feira, 3 de abril de 2020

Internações por síndromes respiratórias mais que dobram no Paraná; funerárias veem alta na demanda

Apesar de não haver registro de mortes por coronavírus em Curitiba, funerárias se preparam

Desde que o novo coronavírus começou a circular pelo Paraná, no começo de março, as internações relacionadas a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) dispararam. Segundo informações da Secretaria Estadual de Saúde, no último mês houveram pelo menos 901 internações relacionadas a esse tipo de problema no estado. No ano anterior haviam sido 335, o que aponta para uma diferença de 169%.
No primeiro trimestre deste ano, foram notificados ao todo 1.348 casos no Paraná, enquanto no mesmo período do ano anterior haviam 643 ocorrências. Isso aponta para uma diferença de 113,5% nesses três primeiros meses, o que significa que o número de casos notificados mais do que dobrou.
Embora a maior diferença entre os dois começos de ano esteja justamente no mês de março, desde o início do ano as síndromes respiratórias já vinham acometendo mais a população paranaense. Em janeiro e fevereiro de 2019, por exemplo, foram notificados 158 e 150 casos, respectivamente. Nos mesmos meses deste ano, 210 e 227. No mês passado, contudo, a diferença foi ainda mais expressiva, com o número de internações, que em março do ano anterior havia sido de 335, chegando a 901 — uma diferença de 169%.
A diferença entre os dois anos, no entanto, pode ser ainda maior, reconhece a Sesa. Isso porque os números de pacientes internados por SRAG diz respeito ao que foi efetivamente notificado. “Temos conhecimento que tem muito mais”.
De toda forma, o aumento no número de casos segue uma tendência nacional e coloca, conforme aponta o Infrogripe, da Fiocruz, o estado numa zona de risco, com intensidade das SRAG considerada muito alta. Hoje, inclusive, todas as regiões do país se encontram nessa zona de risco.
Coordenador do Infogripe, Marcelo Gomes aponta que o cenário atual de epidemia de SRAG pode ter relação direta com o novo coronavírus. Uma portaria do Ministério da Saúde, inclusive, já determinou que todos os casos de SRAG devem ser classificados como suspeitos de Covid-19.
“Certamente, nem todos os casos levantados pelo relatório são casos de Covid-19, mas não sabemos ainda qual o percentual foi em decorrência de qual vírus respiratório. A mudança brusca de comportamento sugere que há algo diferente acontecendo, e isso pode ser justamente o novo coronavírus”, afirma o especialista, apontando ainda que os hospitais já estão com uma carga de ocupação elevada em função de SRAG. “Já vinha acima do esperado e com tendência de alta. Porém, nas duas últimas semanas, disparou”.