quarta-feira, 22 de abril de 2020

Governo avalia operação conjunta para reduzir crise das aéreas



O governo federal busca uma rota alternativa para as companhias aéreas brasileiras impactadas pela pandemia da covid-19 enquanto a ajuda financeira do BNDES ao segmento segue em negociação com o setor. A ideia é que as empresas operem voos conjuntos, aproveitando a queda na demanda para reduzir ainda mais o número de aviões em operação.
A proposta está em discussão por Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e Ministério de Infraestrutura, segundo fontes com conhecimento no assunto.
Mesmo com adoção de malhas mínimas pelas três principais empresas aéreas em operação no Brasil — Gol, Latam e Azul — ainda há muitos aviões voando vazios, segundo as fontes.
“O que se estuda é: em vez das três voarem uma mesma rota com voos vazios, elas poderiam se juntar, oferecer um voo só”, disse uma das fontes. “É um forma de você otimizar as rotas mínimas para continuar operando”, acrescentou a fonte.
Uma segunda fonte disse que a proposta não vai prejudicar a concorrência. “Não é cartel, nem code share. É otimização”, afirmou.
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Procurada, a Abear, associação que reúne Latam e Gol, informou que não comenta negociações entre as empresas e as autoridades competentes.
Na semana passada, fontes afirmaram à Reuters que o apoio do BNDES para o setor aéreo deve ser viabilizado em maio. O banco já foi procurado por Azul, Gol e Latam, mas os pedidos de apoio vieram bem acima das expectativas do banco de fomento, segundo as fontes.
O plano debatido por Cade, Anac e Ministério de Infraestrutura prevê que as empresas venderão separadamente passagens para um mesmo voo. “A maioria das capitais já está com um voo só. E isso é uma alternativa temporária enquanto durar o tempo de crise. A demanda continua baixa e hoje não tem competição no Brasil”, disse a primeira fonte à Reuters.
“As três (Gol, Azul e Latam) vão vender bilhetes iguais, mas vão operar um voo só. Cada uma vai vender o seu”, complementou.
“As companhias não podem parar. É essencial manter a malha funcionando”, disse a primeira fonte, citando que os aviões estão transportando médicos, medicamentos e equipamentos de saúde para ajudar no combate à pandemia.
Detalhes como quais aviões serão operados nas rotas unificadas e como serão divididos os custos estão em discussão na Anac e no Cade. As fontes não deram um prazo para uma possível implementação do plano, mas as companhias aéreas têm pressa diante das consequências econômicas da pandemia sobre o setor.
R7 e Reuters