quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Renan Filho gastou R$3 milhões com voos de jatinho e 299 horas de helicóptero



“Valorizar cada centavo do dinheiro de Alagoas”, é o que diz o discurso do candidato à reeleição Renan Filho (MDB), em sua propaganda eleitoral sobre “eficiência” dos gastos públicos, na qual critica o desperdício e a falta de planejamento que atribui a gestões passadas. Mas os seus planos de voos registrados oficialmente expõem gastos ofensivos a quem vive no estado com segundo pior desempenho do Brasil na criação de emprego. Renan Filho gastou R$ 2,9 milhões com voos de jatinho, em um intervalo de um ano e quatro meses. E voou no helicóptero oficial durante 299 horas e 18 minutos, ao custo estimado de R$ 427 mil com combustível, entre janeiro de 2015 e fevereiro deste ano eleitoral. Só em companhia do pai, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), foram 13 voos.
As histórias por trás das centenas de milhões de centavos gastos diretamente por Renan Filho para se deslocar pelos ares foram obtidas pelo Diário do Poder, por força da Lei de Acesso à Informação (LAI). E revelam como exemplo mais evidente do alto custo destas despesas a viagem de Renan Filho com dois assessores, entre Maceió (AL) e Brasília (DF), passando pelo Rio de Janeiro (RJ), que custou mais de R$ 131 mil, nos dias 17 e 18 de maio de 2016. 
Somente com os deslocamentos aéreos na aeronave modelo Falcon da empresa Sotan Táxi Aéreo, foram gastos R$ 43,7 mil por passageiro, com o objetivo de cumprir compromissos no Fórum Nacional João Paulo Reis Velloso, no Rio; e no Tribunal de Contas da União (TCU) e em dois ministérios, em Brasília. Na lista de passageiros: Renan Filho, seu assessor especial Henrique Fernandes de Albuquerque Vital e o secretário da Fazenda George André Palermo Santoro, que é pago para zelar pelos cofres estaduais.
Três meses antes, outra viagem de jatinho somente com três passageiros sangrou R$ 128,6 mil dos cofres do estado que mantém péssimos indicadores sociais. E o alto custo da agenda ainda revelou-se totalmente ineficiente até hoje. O investimento levou o governador Renan Filho até a empresa Agrícola Famosa, no Ceará, acompanhado de seu assessor Henrique Vital e do então secretário da Agricultura Álvaro Vasconcelos, entre 16 e 18 de fevereiro. 
A falta de retorno desta viagem é evidenciada pela frustração de seu objetivo, que era atrair para o Sertão de Alagoas a empresa especializada em fruticultura irrigada. A empresa chegou a ser anunciada pelo então secretário como reforço para a economia alagoana, em Delmiro Gouveia. Mas jamais plantou uma muda em solo alagoano. O voo teve itinerário partindo de Maceió (AL), passando por Iratí e Fortaleza, no Ceará, e seguindo até Brasília (DF), antes de retornar à capital alagoana.
R$ 46 mil para bater palmas no TRF5
A ineficiência e o despropósito do gasto público em um estado pobre como Alagoas se repete em outros dois voos que levaram Renan Filho, assessores e políticos para cerimônias de posses de magistrados, no Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5), em Recife (PE). Cada um dos voos que levaram a cúpula do poder público de Alagoas para aplaudir desembargadores na capital do estado vizinho custou R$ 23,2 mil ao trabalhador alagoano.
O primeiro voo, em 11 de dezembro de 2015, levou no jatinho o governador e mais dois assessores para a posse do desembargador federal Rubens Canuto, no TRF5. Já o segundo voo repetiu-se em 03 de abril de 2017, para outra posse da cúpula diretiva do TRF5, com Renan Filho mais seis passageiros, incluindo o presidente do Legislativo, Luiz Dantas (MDB)e seu filho e candidato a sucessor Paulo Dantas, o deputado estadual Marcelo Victor (SD), entre outros. 
Todos os 35 voos do governador de jatinho foram feitos em aviões modelos Falcon e Learjet60, por meio de contrato entre a empresa Sotan Taxi Aéreo e o Estado de Alagoas. Tal relação contratual finalizou em abril de 2017. 
Gastava 5000% a mais
A partir do término do contrato com a Sotan, o governo de Alagoas passou a gastar de 1000% a até quase 5000% menos com o preço das viagens de Renan Filho a Brasília, em comparação com o custo daquelas realizadas com os jatinhos. 
O menor custo por passageiro nos jatinhos da Sotan foi de R$ 10,2 mil por pessoa transportada de Maceió a Brasília no voo de ida e volta com maior lotação – nove viajantes – entre 31 de agosto e 1º de setembro de 2016. Gasto que chegou a R$ 46 mil por cabeça, quando Renan Filho viajou apenas com Henrique Vital, no mesmo trajeto, em 1º de junho de 2016.
Das onze viagens de ida e volta feitas por Renan Filho em voos comerciais de Maceió a Brasília, durante o ano seguinte ao término no contrato com a Sotan, seis custaram entre R$ 925,96 e R$ 1,6 mil; quatro ficaram entre R$ 2 mil e R$ 2,6 mil e somente uma custou mais caro: R$ 5,3 mil. Ainda assim, um custo bem menor que o menor preço de frete pago pelos jatinhos para a capital federal: de R$ 88,1 mil.