segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Xingada ou exaltada, Lava Jato vira ‘personagem’ central do dia D das convenções

Carro da Polícia Federal transporta preso da Lava Jato: operação estpa no centro das atenções desde que foi deflagrada, em 2014. | Albari Rosa/Gazeta do Povo

O dia D das convenções presidenciais, que concentrou neste sábado (4) o maior número de lançamentos oficiais de candidatos a presidente, contou com uma ‘personagem’ que esteve intencionalmente presente ou ausente nos encontros dos principais partidos: a Lava Jato.


De um lado, dois dos principais candidatos oficializados neste sábado deixaram claro seu apoio à operação, numa tentativa de associar sua imagem à das investigações contra a corrupção: Marina Silva (Rede) e Alvaro Dias (Podemos).
No outro extremo, o PT insistiu no discurso de que a operação seria uma grande armação para prejudicar o partido e Lula, também oficializado como candidato a presidente neste sábado.
No meio desses dois polos, Geraldo Alckmin não citou a Lava Jato na convenção do PSDB – até mesmo porque ele é alvo da operação. Mas a investigação surgiu na reunião tucana como uma “personagem oculta”: o candidato se colocou como o único que pode unir o país – aproveitando-se da divisão política do Brasil provocada em grande medida pelos desdobramentos da Lava Jato.

Marina é apresentada como a candidata ficha-limpa que vai lutar contra os investigados pela Lava Jato

Durante a convenção da Rede, Marina Silva falou de combate à corrupção, mas não se referiu especificamente à Lava Jato. Essa tarefa coube a seus aliados, que procuraram transmitir a imagem de que ela não é investigada pela operação – em contraposição a outros concorrentes que são alvo da Lava Jato.
O economista Eduardo Gianetti, um dos “mentores” de Marina, enalteceu a Lava Jato no seu curto discurso. Disse que a candidata da Rede representa o oposto do que está sendo revelado pela operação. “A Lava Jato revelou o que acontece nas entranhas do país. Precisávamos passar por esse processo. O novo modelo de fazer política está representado na Marina. Os outros já mostraram aí que nada pretendem mudar”, disse Gianetti.
“A militância do PV [partido que indicou o vice de Marina, Eduardo Jorge] e da Rede vão com a cabeça erguida para rua, porque aqui não tem ninguém na Lava Jato, não tem nenhum bandido”, afirmou Pedro Ivo Batista, porta-voz da Rede.