segunda-feira, 18 de junho de 2018

Metrô de Moscou, dos mais antigos do mundo, é um espetáculo subterrâneo



Numa cidade que espanta pelos engarrafamentos infinitos entupindo suas ruas e avenidas, a beleza às vezes se esconde debaixo da terra.
O metrô de Moscou, um dos maiores e mais antigos do planeta, não é só o meio mais rápido de atravessar o caos moscovita. É também o mais deslumbrante deles sem dúvida.
Essa rede subterrânea que transporta 9 milhões de pessoas num dia qualquer e, nas próximas semanas, deve se tornar a salvação dos torcedores rumo aos estádios da Copa do Mundo na capital russa ganhou o -propício- apelido de palácio do povo quando abriu as primeiras estações, em 1935.
Seus lustres de cristal, colunas e pisos de mármore, mosaicos de cerâmica, esculturas de bronze e detalhes de aço e ouro dão respaldo à fama.
O delírio de construir esses templos de luxo, glamour e riqueza escondidos debaixo da terra partiu da cabeça de Josef Stálin, o mais sanguinário dos líderes soviéticos, que comandou o país por mais de três décadas, dos anos 1920 aos 1950.
“Foi absurdo construir isso tudo nos subsolos da cidade”, diz o historiador Nikolai Molok, um estudioso da arquitetura de Moscou. “O paraíso ali foi parar no lugar do inferno.”
Stálin, uma das maiores forças políticas por trás das formas que dominam o skyline e o subsolo da metrópole russa, impôs mesmo o inferno aos que discordavam de sua noção do paraíso, mandando milhões à morte nos campos soviéticos de trabalho forçado.
Mas o avesso de seus gulags estava bem debaixo dos pés do povo. As estações do metrô de Moscou, que celebram coisas mais abstratas, como o futurismo e a eletricidade, e versões heroicas de gente de carne e osso, como os camponeses, músicos e operários, resumem a sua filosofia política.