sexta-feira, 29 de junho de 2018

Candidato ao Senado, Datena ataca falência da segurança pública em São Paulo



Visto como potencial reforço para a campanha presidencial de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo, o agora pré-candidato ao Senado José Luiz Datena (DEM) criticou a segurança pública no estado que o tucano administrou por quatro mandatos.
O DEM anunciou a pré-candidatura do apresentador de programas policiais de TV nesta quinta-feira (28) em evento na capital paulista ao lado de João Doria (PSDB), que disputará o governo paulista.
“O PCC, criado aqui em São Paulo, é a organização criminosa que mais cresce no mundo inteiro. Significa que o sistema de segurança pública de São Paulo, do Brasil, está falido”, atacou o apresentador.
Questionado sobre a declaração, Doria ressaltou que São Paulo tem os melhores índices de segurança pública do país, mas que medidas podem ser aprimoradas.
“Não é discordância. A sinceridade do Datena é tão grande quanto o número de votos que ele vai ter”, afirmou. “A população de São Paulo também espera melhorias no sistema de segurança pública.”
A declaração do apresentador foi repelida por expoentes do PSDB, partido que chegou ao poder em São Paulo há duas décadas.
“Divirjo totalmente”, rebateu o ex-senador José Aníbal (PSDB). “Datena é bem informado, mas comete um exagero enorme. Essa organização criminosa existe e, por trabalho de inteligência da polícia paulista, começou a ser desbaratada. Não é com verbo que se resolve, é com verba e esforço de investigação.”
“Ele é do DEM, que está no governo federal e estadual há 300 anos”, observou o ex-governador Alberto Goldman (PSDB), crítico de Doria. “Quem tem que responder é quem faz a coligação com ele”, disse, apontando para o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), aliado de Doria.
“É o estilo Datena. Talvez tenha se equivocado. São Paulo tem muito para fazer, mas tem um avanço extraordinário nessa área de segurança”, contemporizou Macris.
No lançamento da pré-candidatura de Datena, Doria adotou discurso esperado por eleitores de direita, que cobram do PSDB postura mais enérgica contra o crime e valorização da polícia. A frustração com Alckmin tem feito alguns deles migrarem para Jair Bolsonaro (PSL) no plano nacional.
“Bandido bom é bandido preso”, bradou Doria. “Na nossa gestão, policiais terão apoio integral do governador para cumprirem a sua missão.”
O tucano aproveitou para marcar diferença com o governador Márcio França (PSB), que disputará a reeleição. “O princípio da integração [entre as polícias] será obedecido, diametralmente oposto àquilo que se propôs o atual governador.”
França chamou nesta quinta Datena de “belo candidato”, acrescentando: “Um cara de pensamento muito diferente do grupo em que ele está”. “Eu o convidei muitas vezes para fazer esse movimento, vamos esperar até o dia 30 para ver se homologa. A cara dele não estava muito boa”, afirmou.
O lançamento de Datena contou com a presença do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o ministro Gilberto Kassab (PSD).
A ausência de Alckmin em evento de peso político reflete a dificuldade de sua campanha em fechar aliança com partidos que já estão com Doria como DEM e PRB.
Diante da indefinição, aliados do presidenciável tucano querem que a vaga de vice em sua chapa seja de Aldo Rebelo (Solidariedade).
Segundo interlocutores, Alckmin ficou impressionado com os elogios que o comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, teceu sobre Aldo, ex-ministro da Defesa.
Para integrantes da campanha do PSDB, o DEM não tem um nome forte para indicar a vice -o deputado Mendonça Filho (DEM-PE) é visto com ressalvas por alguns tucanos.
Natural de Alagoas, mas com carreira por São Paulo, Rebelo tem bom trânsito político na direita e na esquerda. Filiado por 40 anos ao PC do B, Rebelo há poucos meses se filiou ao Solidariedade, partido alinhado com a centro-direita. Foi presidente da Câmara e ministro de Dilma e Lula.