sexta-feira, 6 de abril de 2018



Diante da possibilidade de não contar como cabo eleitoral o condenado por corrupção e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) incendiou o plenário do Senado, ao usar a tribuna, nesta quarta-feira (4), para atacar 20 senadores que assinaram uma carta entregue no Supremo Tribunal Federal (STF), com pedido para a manutenção do entendimento de permitir a prisão em segunda instância.
Em discurso durante o julgamento do habeas corpus de seu aliado petista, o senador alagoano acusou o grupo de pedir ao STF que a Constituição fosse rasgada, sem garantir a presunção de inocência. E os senadores citados reagiram, chamando o alagoano de “coronel” e o acusando de violentar a Constituição, durante o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Enquanto ocorria o julgamento do habeas corpus que acabou sendo negado ao ex-presidente petista, Renan chamou os colegas de plenário de “traidores” e “vivandeiras alvoroçadas”, ao citar um discurso do primeiro ditador do Brasil, o Marechal Castelo Branco, em alusão às mulheres que alimentam tropas. “Vinte senadores foram ontem como vivandeiras alvoroçadas ao Supremo pedir que Constituição fosse rasgada”, disse Renan.
Em defesa da senadora Simone Tebet (MDB-MS), que Renan disse que não mereceria seu voto para se tornar líder do MDB, a senadora Ana Amélia (PP-RS) criticou o senador alagoano por atacar uma mulher. A senadora do PP o chamou de “coronel” e o acusou de violentar a Constituição, ao criar uma saída para a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) não perder os direitos políticos, ao ser alvo do impeachment, em 2016. Incoerência também criticada por outros senadores.
“Vossa excelência, ardilosamente violentou a Constituição, ao aceitar uma chicana, um corte... Interpretou a Constituição de forma absolutamente casuística. Onde está a coerência disso?”, disse Ana Amélia, enquanto Renan começou a esbravejar, pedir respeito, até ser advertido pelo senador Eunício Oliveira (MDB-CE). “Senador Renan, serenidade, por favor! Vamos ouvir a senadora”, alertou o presidente do Senado. “A democracia do senador Renan Calheiros é essa. Quer calar. É o coronel querendo calar as mulheres aqui no Senado! É o coronel que está me impedindo de falar!”, reagiu Ana Amélia.