terça-feira, 24 de abril de 2018

INVESTIGADO ACUSA SECRETÁRIO DE FLAVIO DINO DE COAGI-LO A DELATAR DEPUTADO

Preso preventivamente em São Luís (MA) desde fevereiro, acusado em operação contra contrabando de armas, cigarros e bebidas, o policial militar Fernando Paiva Moraes Júnior afirmou, em depoimento à Justiça Federal do Maranhão, que foi coagido pelo secretário de Segurança Pública do governo Flávio Dino (PCdoB), Jefferson Portela, a fazer delação premiada e envolver em irregularidades o deputado estadual Raimundo Cutrim (PCdoB). A coação, segundo ele, ocorreu durante reunião no Ministério Público Federal, sem a presença de seus advogados, Portela o induziu a mentir. O PM moveu queixa crime contra Portela.
O que o secretário de Segurança de Flávio Dino está envolvido no revelado por documentos internos ordenando a Polícia Militar do Maranhão a espionar políticos de oposição com vistas as eleições de 2018. O Diário do Poder lembrou, em reportagem na sexta-feira (20), que o ídolo histórico do PCdoB, partido do governador, é o ditador soviético Joseph Stalin, conhecido pelos seus métodos autoritários ao espionar, monitorar e prender e até matar seus adversários. Estimam-se em mais de 20 milhões os mortos no período em que Stalin foi ditador da União Soviética.

PORTELA E SEU CHEFE, FLÁVIO DINO.
No início do depoimento à Justiça Federal, Paiva dispensou auxílio da defensoria pública e, questionado sobre sua colaboração pelo juiz, denunciou: “Meritíssimo, eu fui coagido a fazer esta delação premiada, fui coagido pelo secretário de segurança Jefferson Portela e por um coronel que me conduziu".
O soldado diz que foi tirado de sua cela à noite. "Primeiro, eu perguntei o motivo de estar sendo tirado da cela. Disseram que captaram a ligação de alguém e que eu corria risco de vida". Depois recolheram uma rede da cela sob a alegação de que ele poderia se enforcar, “e fui colocado numa cela separada no comando geral, onde fazia as necessidades em um balde. Fui tratado como um lixo".
Ele diz ter sido levado para o Ministério Público Federal, sem contato com seus advogados, e, lá, teria se encontrado com o secretário de Segurança Pública do Maranhão. "Quando eu cheguei lá, o secretário de segurança pública Jefferson Portela começou a dizer que eu devia colaborar com ele, porque eu era o mais novo que tinha sido preso, que estaria correndo grande risco de perder minha farda e todos os meliantes que eu já prendi poderiam tomar ciência disso e depois atentar contra minha vida".
Jefferson ainda diz que o chefe da pasta tentou induzi-lo a "falar nomes de pessoas". "Queria formar um circo, um teatro, para que pudesse inserir as pessoas que estivessem sendo investigadas e algumas que não estivessem para que fossem envolvidas na situação do contrabando".
"Ele queria o tempo todo que eu dissesse que o delegado Tiago Bardal estivesse dentro do sítio. Ele queria o tempo todo que eu dissesse que o delegado Raimundo Cutrim, que é o atual deputado, tivesse dentro do sítio também. Ele queria que eu falasse. Por ele, eu poderia contar a história mais mirabolante que fosse, mas envolvendo eles, entendeu? O delegado Ney Anderson, que eu não conheço. Eu não conheço o deputado Raimundo Cutrim. Também não conheço o delegado Bardal", relatou.
O Ministério Público Federal garante que a versão do soldado é inverídica. Por meio de sua conta de Facebook, o secretário de Segurança Pública do Maranhão reagiu. "O Soldado Paiva, preso por integrar a Orcrim, agora se diz coagido a delatar seus comparsas. Será processado por mais um crime".