domingo, 10 de outubro de 2021

Resíduos de aviário são transformados em biogás, e agricultor vê renda familiar triplicar com produção de energia













Em um sítio de 26 hectares em Boa Esperança do Iguaçu, no oeste do Paraná, o agricultor e professor Gilmar de Paula encontrou uma alternativa para aumentar a renda familiar, antes baseada em aviário, soja e milho. Há cerca de quatro anos, ele iniciou o projeto de utilizar resíduos da propriedade para a produção de biogás.


"Antes eu vendia a minha cama ou jogava na terra in natura com valor insignificativo", contou o agricultor e professor Gilmar de Paula.


Após conversas com outros avicultores e especialistas na área, Gilmar decidiu então utilizar os resíduos de frango e a água coletada da chuva para a produção de energia. Ele percebeu que não teria retorno e, foi neste momento, que a família do agricultor fez parceria com produtores vizinhos e começou a coletar, também, as sobras da produção de suínos e de leite.

"A gente acaba deixando de utilizar a água, que é um recurso cada vez mais escasso e dando um resinificado para dejeto de suíno que a gente acabou utilizando na planta. Usa e devolve pra natureza de uma forma muito menos agressiva", ressaltou.

Para potencializar ainda mais a produção de energia na propriedade, como na mistura de resíduos, Gilmar conta com a ajuda dos estudantes Andressa e o Gustavo. Eles cursam engenharia de bioprocessos e biotecnologia na Universidade Tecnológica Federal de Dois Vizinho.


"Os microrganismos que realizam a biodigestão têm um metabolismo que é semelhante a digestão humana, então a gente precisa ter uma dieta variada. A cama de frango em especial tem bastante nitrogênio, bastante amônia e a relação é baixa. Assim misturando esses outros dejetos a gente consegue ajustar as propriedade. E com isso produz mais gás e de melhor qualidade", explicou Andressa.

Produção de energia

Os resíduos dos frangos, dos suínos e do leite são colocados em um misturador gigante e apenas a parte mais líquida vai para o biodigestor. Depois de produzido na propriedade, parte do biogás fica armazenada em um cilindro e volta para o próprio aviário como energia térmica.

Desta forma, no inverno, a família faz uso do biogás para aquecer os frangos em vez de queimar lenha. A medida gera economia para o agricultor.


"Um aviário eu já não utilizo mais nem lenha, nem cavaco nem palet. Isso dá uma economia perto da lenha, hoje eu não gasto nem 30% do que eu gastava com a lenha antes. É uma uniformidade para o aviário. É economia circular. Eu produzindo a proteína, da proteína eu tenho um dejeto que vou transformar em gás que vai retornar para aquecer a minha proteína lá dentro do aviário", disse.