sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Greve: caminhoneiros propõem nova política de preços















Caminhoneiros estão com uma proposta de precificação do óleo diesel para apresentar ao governo. Eles atacam a política de preço de paridade de importação (PPI), adotada pela Petrobras, e propõem a política de preço de paridade de exportação (PPE), baseada exclusivamente em custos nacionais. Além disso, sugerem um acerto de contas anual entre a estatal e o governo. No meio do caminho, os preços seriam mantidos estáveis para os consumidores, com possíveis reajustes trimestrais.

Com essas e outras medidas, os caminhoneiros calculam que haveria uma retração no preço da gasolina de 45%, de 27% no óleo diesel, e de 23% no gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha. Outra alternativa defendida é que os preços dos combustíveis sejam formados apenas por um somatório de custos de produção mais margens de lucro e que essas margens sejam reduzidas à metade.

A interpretação da categoria é que o modelo adotado pela Petrobras, que atrela seus preços às cotações internacionais do petróleo e derivados e ao câmbio, traz instabilidade e volatilidade expressiva ao óleo diesel no mercado interno. O combustível é a principal despesa do transporte rodoviário, respondendo atualmente por 39% do custo total do transporte, segundo cálculos do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Esalq/USP (Esalq-Log). Por isso, os sucessivos reajustes da estatal afetam a sustentabilidade financeira do setor.

O preço final dos combustíveis, atualmente, é composto pelo valor cobrado pela Petrobras nas refinarias (atrelado ao preço do barril do petróleo no mercado internacional e ao câmbio), mais tributos federais (PIS/Pasep, Cofins e Cide) e estaduais (ICMS), além das margens de distribuição e revenda. O PPI, da Petrobras, entrou em vigor em outubro de 2016 no governo de Michel Temer.

A mudança na política de preços da estatal é uma das principais reivindicações dos caminhoneiros, que ameaçam repetir, a partir da próxima segunda-feira, 1.º de novembro, a greve histórica que parou o País em 2018. "Vendemos em real e compramos (combustível) em dólar. Com a PPE (política proposta pelos caminhoneiros), a base de cálculo seria o preço de paridade de exportação, dispensando custos de transporte e seguro, o que reduziria o preço" diz o presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido com Chorão.

A Abrava, com o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), está à frente da paralisação marcada para 1º de novembro, caso as demandas da categoria não sejam atendidas pelo governo.