quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

China envolve o Brasil em tentativa de negar origem da pandemia em Wuhan


 














A China, por meio de veículos de comunicação controlados pelo Partido Comunista, como é o caso do jornal Global Times, quer mudar a narrativa de que a pandemia de covid-19 tenha se originado em seu país. Neste domingo (06), em um esforço que parece ser coordenado, o jornal usou sua conta no Twitter para afirmar que o Centro de Controle de Doenças de Wuhan, cidade chinesa que foi o epicentro da pandemia, detectou o novo coronavírus em carne congelada importada do Brasil e do Uruguai.

Ao mesmo tempo, a principal reportagem do site do jornal traz a pergunta: “É possível que mercadorias importadas tenham causado o surgimento da epidemia de coronavírus em Wuhan?”

A “reportagem” afirma que a narrativa de que a epidemia começou em Wuhan é uma “acusação” de políticos do Ocidente e que a descoberta de sinais anteriores do vírus na América e na Europa faz surgir a hipótese de que a epidemia registrada em Wuhan, o berço da covid-19, teve origem em alimentos congelados que foram importados.

O jornal afirma que enviou repórteres para o mercado de Huanan, onde as primeiras infecções pelo novo coronavírus foram registradas, e que após conversar com epidemiologistas, virologistas e com comerciantes, “a possibilidade de que o coronavírus tenha passado de produtos importados para o mercado não deve ser descartada”.

Entre as especulações feitas pelo jornal, sem apresentar provas, está a de que o vírus causador da Covid-19 tenha sido trazido à China por militares americanos durante os Jogos Mundiais Militares em 2019, sediado em Wuhan.

O jornal também sugere que poucos animais selvagens eram vendidos no mercado de Huanan. Um comerciante afirmou ao jornal que eles eram vendidos “em segredo”. Para o jornal, a fonte mais provável são frutos-do-mar importados da Autrália, Equador e Chile, antes de 2019.

O texto ainda cita os supostos casos de novo coronavírus encontrados na carne importada do Uruguai e Brasil.

Retaliação?

Curiosamente, os países citados pelo Global Times estão envolvidos em rusgas recentes com a China. A Embaixada da China apresentou uma reclamação formal ao governo brasileiro devido a uma publicação feita no Twitter por Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). O deputado federal, que é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, acusou o Partido Comunista Chinês de espionagem, ao falar sobre a adesão do Brasil à Clean Network (Rede Limpa), iniciativa organizada pelos Estados Unidos para impedir a Huawei de operar os serviços de 5G.

Em abril deste ano, a China ameaçou boicotar produtos da Austrália após o país da Oceania pedir uma investigação sobre a origem da covid-19. Ao ser perguntado pelo jornal The Australian Financial Review sobre a solicitação australiana, Cheng, que é embaixador em Camberra, disse que a “população chinesa” poderia rejeitar mercadorias da Austrália. “Talvez as pessoas comuns se perguntem: ‘Por que eu deveria beber vinho australiano? Comer bife australiano?'”, afirmou o diplomata.

Em novembro, a Austrália firmou um acordo militar com o Japão, o que também irritou a China.

O Equador ameaçou tomar providências contra os pesqueiros chineses que porventura entrassem nas águas protegidas da Reserva Marinha de Galápagos.

Gazeta do Povo