sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Transferências de alunos de escolas particulares para rede pública sobem 88,2% no Paraná

 

A migração de alunos da rede privada para a rede pública de ensino não para de crescer em Curitiba e no Paraná desde o início da pandemia. Segundo dados da Secretaria de Estado de Educação e Esportes (SEED), em 19 de maio, 7000 estudantes tinham sido transferidos de escolas particulares para a rede estadual. Dados atualizados nesta quarta (16) mostram que o número subiu para 13.179, um aumento de 88,2%. No caso da rede municipal de ensino em Curitiba, proporcionalmente, o número de transferência de alunos de escolas particulares foi maior ainda: passou de 437 alunos, em 21 de maio, para 3.078, de acordo com dados desta quarta (16)- um aumento de 604%.

Entre os motivos, alegados pelos pais ouvidos pela reportagem do Bem Paraná, estão o desemprego, a crise financeira, mas também a qualidade de ensino online oferecido pelas escolas particulares durante a pandemia.  M.A.J, 45, assessor comercial, não quis se identificar para que os filhos não sofram buyling nas redes sociais, mas ele transferiu os três filhos, de 15, 12 e 8 anos de um colégio particular para escolas públicas em julho. M.A.J perdeu o emprego em maio por causa da pandemia, mas conseguiu alguns trabalhos temporários: "No começo, a nossa prioridade era deixar os meninos em colégio particular. Cortamos vários outros gastos para isso. Mas no decorrer dos dias, começamos a perceber que o ensino online estava deixando muito a desejar e mudamos as prioridades", contou ele. Questionado sobre o futuro, M.A.J, diz que vai aguardar a crise da pandemia teminar:"Enquanto tudo continuar incerto, deixaremos assim. Estamos guardando o dinheiro na poupança para repor o que gastei quando estava sem nenhum trabalho. É um período de crise".  A empreendedora Margareth Souza, 29 anos, transferiu a filha de 7 anos para uma escola pública e cancelou a matrícula do outro filho de 2 anos em um Centro de Educação Infantil (CEI) em agosto: "Tentei manter até por pensar na manutenção dos empregos nas escolas, mas não tive mais mais condições financeiras. Ano que vem a gente revê toda a situação. A adaptação foi mais tranquila do que eu imaginava, afinal já estava longe dos coleguinhs mesmo". 

Rede Estadual tem ferramenta online para transferência

Para facilitar o acesso aos pais de alunos de escolas particulares, a SEED criou uma ferramenta on-line que permite antecipar os processos de matrículas. De acordo com a Diretora de Planejamento e Gestão Escolar, Adriana Kampa, a intenção é tornar mais prático o sistema de matrículas, em tempo de isolamento social, sem a necessidade de o pai ou responsável se dirigir fisicamente à escola. “Para administrar melhor essa demanda, produzimos páginas de acesso por núcleos regionais, para otimizar esse atendimento, mantendo as orientações de saúde e isolamento social”, explica Adriana.

Anteriormente, o pai que tinha interesse em transferir o filho tinha que ir até à escola de seu interesse. Agora o responsável deve acessar o formulário destinado à sua região. Veja a lista AQUI. A Seed reforça aos pais que, para acessar aos formulários e fazer o requerimento de matrícula, é necessário estar logado em seu Gmail. Ao acessar o link da sua região, serão pedidas informações sobre o aluno (idade, se é uma pessoa com deficiência ou se tem problemas com aprendizado, a série, entre outros). Também serão coletados os dados dos pais e responsáveis e o bairro onde vive o aluno. Conforme for avançando, serão abertos campos para anexar comprovante de endereço, o documento do aluno (carteira de identidade ou certidão de nascimento). Também serão solicitados documentos do responsável, além de histórico escolar e carteira de vacinação.

De acordo com Adriana, a medida visa a evitar que pessoas se aglomerem nas escolas e disseminem o Covid-19 ou contraiam o vírus. “Quando o pai quiser matricular seu filho nos colégios da rede estadual, basta acessar o link referente ao seu núcleo, e um técnico entrará em contato por e-mail indicando a escola para efetivar a matrícula”, explica. De posse da declaração de vaga que será enviada por e-mail ao responsável, o pai deverá solicitar a transferência da escola onde o estudante estava matriculado e efetivar a matrícula na escola indicada pelo NRE.

Confira quais documentos são necessários para fazer a matrícula na rede estadual:
- Certidão de nascimento ou carteira de identidade do aluno;
- Comprovante de endereço
- Carteira de identidade e CPF do Responsável legal;
- Histórico escolar

Escolas e CMEis de Curitiba ainda tem 10 mil vagas 

Mesmo com 3.474 mil transferências de estudantes para escolas e Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs), 3.078 são da rede privada, a rede curitibana ainda tem cerca de dez mil vagas que podem ser preenchidas. A rede municipal atende Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA) fase I. O atendimento da Prefeitura é universal a partir dos 4 anos, ou seja, todos que demandam vaga são atendidos.

As famílias que quiserem migrar para escolas municipais devem procurar os Núcleos Regionais da Educação, nas Ruas da Cidadania com os documentos necessários (veja abaixo). Cada um dos dez Núcleos Regionais irá direcionar o estudante para a unidade onde há vaga.

Crianças e estudantes que estão migrando precisam acompanhar as videoaulas e desenvolver as atividades pedagógicas propostas neste período pela rede pública, para que possam acompanhar os conteúdos no momento do retorno das aulas presenciais, ainda a ser definido pela Prefeitura de Curitiba. O material está disponível no YouTube e nos canais 9.2 UHF da TV Paraná Turismo e 4.2 Rede Massa.

Além das videoaulas, crianças e estudantes da rede curitibana recebem atividades complementares elaboradas pelos professores das unidades onde estão matriculados. A cada 15 dias, as famílias retiram esse material diretamente nas unidades, com o uso de máscara e sem aglomerações.

Estão disponíveis propostas da educação infantil e videoaulas de matemática, língua portuguesa, robótica, geografia, educação física, arte, ciências, história, ensino religioso, práticas da educação integral, literatura, direitos humanos e família, programa Linhas do Conhecimento, além da Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Na TV, são 13 horas de programação diária, das 8h às 21h. No YouTube, o conteúdo fica disponível nas playlists por componente curricular: matemática, história, robótica, etc. É só acessar o canal e assistir à aula referente ao ano no qual o estudante está matriculado.