domingo, 8 de dezembro de 2019

Cortes no Bolsa Família: 400 mil pessoas podem deixar de ser atendidas em 2020, diz economista

Marilza Muniz é beneficiária do Bolsa Família e foi contemplada no 'Minha casa, minha vida'

Os principais programas sociais dos governos que auxiliam famílias que vivem na pobreza ou na extrema pobreza estão à míngua e correm o risco de encolher ainda mais em 2020. A ameaça vem das reduções significativas no orçamento federal, da crise estadual e do enxugamento nas verbas do município do Rio. Dois dos maiores programas sociais do país — o Bolsa Família e o “Minha casa, minha vida” — sofrerão cortes de 7,8% e 42%, respectivamente, no ano que vem. O contingenciamento de dinheiro também atingiu em cheio, por exemplo, 43 mil famílias cadastradas no Cartão Família Carioca — programa municipal que prevê uma complementação mensal aos beneficiários do Bolsa Família com renda mais baixa. O pagamento está atrasado há dois meses.

De acordo com o economista Francisco Menezes, consultor da Action Aid e do Ibase, com este orçamento, cerca de 400 mil famílias podem deixar de ser atendidas em 2020 se a proposta orçamentária do governo for aprovada:

Em função do quadro social, o problema da fome está reaparecendo de forma grave. Num contexto de pobreza e extrema pobreza, o programa deveria ter sido ampliado. A opção por um programa de austeridade para superar a crise penalizou os mais pobres — ressalta Francisco Menezes.

Desempregada há um ano e cinco meses, a doméstica Maria Angélica Ferreira, de 40 anos, vai passar o mês com R$ 153 de benefício do Bolsa Família. Ela cria cinco crianças e também tem direito ao Cartão Carioca:

— Assim como eu, há milhares de famílias que precisam muito. Eu uso esse dinheiro para comprar arroz, feijão, pão e leite. As crianças não têm culpa.

A Prefeitura do Rio informou que o pagamento de novembro está em processo de liberação.

Integrantes do governo federal ainda discutem a possibilidade de unificação do Bolsa Família, do salário-família e do abono salarial do PIS/Pasep. Tudo em um momento em que o país assiste ao avanço da extrema pobreza: nos últimos quatro anos, o número de miseráveis cresceu 50%.