segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Reino Unido questiona controle de mercado de Google e Facebook

Reino Unido questiona controle de mercado de Google e Facebook

Um relatório da Autoridade de Competição e Mercados do Reino Unido (CMA, na sigla em inglês) apontou abusos de poder de mercado e práticas anticompetitivas do Google e do Facebook no país, o que traria obstáculos a concorrentes e prejuízos ao direito de escolha dos cidadãos, bem como à inovação.
A análise teve como foco a atuação das duas plataformas no país, mas levanta elementos para pensar os mercados digitais em outras nações, haja vista a força das duas companhias. É também o caso do Brasil, onde o Google domina mais de 90% do segmento de mecanismos de busca e conta com mais de 100 milhões de usuários em sua plataforma de vídeo, o YouTube.
Já o Facebook tem mais de 136 milhões de usuários aqui. O WhatsApp, mensageiro também de propriedade da empresa, é usado por mais de 130 milhões e, segundo pesquisa da Câmara e do Senado, é o principal meio de informação dos brasileiros. Além das duas aplicações, a firma também tem o Instagram, rede social em crescimento no país.
Segundo a análise da autoridade britânica, o Google domina 90% do mercado de publicidade em buscas, que totalizou 6,4 bilhões de libras em 2018. Já o Facebook controla 50% do segmento de anúncios em display (inserções em mensagens, como imagens e vídeos), que somou 5 bilhões de libras. A publicidade digital movimenta no total 13 bilhões de libras no país.
Na avaliação dos autores do relatório, esse poder de mercado e as práticas das duas companhias geram três tipos de problemas. O primeiro é dificultar o surgimento de novos concorrentes, o que pode retardar o movimento de inovação. Elas se beneficiam do que os autores e estudiosos do tema chamam de “efeito de rede”, dinâmica pela qual quanto mais pessoas fazem parte de um serviço mais atrativo ele se torna aos usuários.
Outro aspecto é a lógica de economias de escala, na qual os preços caem a medida que a base de usuários aumenta. Com a combinação dessas duas características, “pode ser extremamente difícil que novos concorrentes consigam desafiar as empresas de forma eficaz”, ressalta o estudo.