quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Brasil é o 7º país mais desigual do mundo, melhor apenas do que africanos...

Beneficiária do Bolsa Família e desempregada, Elaine Maria recebe R$ 212 para sustentar a casa e os três filhos - Carlos Madeiro/UOL

Elaine Maria, 28, é dona de casa e vive com os três filhos em uma pequena residência no sítio Cimapa, em Rio Largo, na Grande Maceió. Na casa, o esgoto é despejado a céu aberto. Beneficiária do Bolsa Família e desempregada, ela recebe R$ 212 para sustentar a casa. "Com esse dinheiro, só consigo comprar o que é básico", diz. Com o aumento do preço da carne, afirma, passou a fazer substituição do alimento por ovos, salame ou "o que for mais barato".

Quem a ajuda é sua avó Júlia Maria da Conceição, 86, que recebe a aposentadoria de um salário mínimo. Entretanto, diz que não consegue bancar os remédios para diabetes e hipertensão, que custam em torno de R$ 200.

A desigualdade de renda no Brasil é um dos destaques de um relatório de desenvolvimento humano divulgado hoje pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).

Segundo o estudo, o Brasil é o sétimo país mais desigual do mundo, ficando atrás apenas de nações do continente africano. O levantamento tem como base o coeficiente Gini, que mede desigualdade e distribuição de renda. Segundo o Pnud, para esse indicador, zero representa igualdade absoluta e 100 representa desigualdade absoluta

Os dados são de 2017 e, portanto, não dizem respeito à gestão de Jair Bolsonaro (sem partido), que assumiu a Presidência em 2019. Em 2017, o índice do Brasil foi de 53,3. O mesmo valor foi registrado por Botsuana. O país mais desigual do mundo é a África do Sul, que teve um índice Gini de 63. Lá, o apartheid, regime de segregação racial, vigorou por quase 50 anos. Entre os países no topo do ranking da desigualdade, estão Namíbia (59,1), Zâmbia (57,1), República Centro-Africana (56,2), Lesoto (54,2) e Moçambique (54) —todos países do continente africano. 


Segundo o relatório, o Brasil é mais desigual do que países como o Paraguai (48,8) e a Nicarágua (46,2). Na outra ponta, com um índice Gini de 25, a Ucrânia é o país com menor desigualdade entre sua população. Belarus e Eslovênia, ambos com índice Gini de 25,4, também se destacam pela igualdade na distribuição de renda. 

Apesar de ocupar o posto de sétimo país mais desigual do mundo, o Brasil tem um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) considerado alto, de 0,761 (quanto mais próximo de 1, mais alto é o desenvolvimento humano).