quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Nonô vê Bolsonaro capaz de acabar com bandalheira institucionalizada, negociando



O presidente estadual do Democratas em Alagoas, José Thomaz Nonô, é entusiasta das propostas do amigo e presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e crê que o futuro chefe da nação vai acabar com a bandalheira institucionalizada pelos governos do Partido dos Trabalhadores. O ex-deputado federal alagoano por seis mandatos consecutivos acredita que o presidente eleito terá que aprender a governar com partido político e a negociar com um Congresso Nacional sedento pelo “toma lá, dá cá”.
Entusiasmado com a presença de três ministros do DEM no governo de Bolsonaro, na Casa Civil, Agricultura e Saúde, Thomaz Nonô diz que favorezinhos podem até resistir nas relações políticas do novo presidente. Porque, acredita, algum tipo de negócio vai ter que ser feito.
“É da democracia. O presidente vai aprender que tem que governar com partido político. O que torço que não aconteça é o que aconteceu com Lula, que deu a cada partido político o direito de roubar o que quisesse de determinado lugar. Tenho certeza de que ele corta isso. Agora, tenho certeza também de que existirão favorezinhos, o cara chega lá e tem o ‘agente de não sei de quê’ que é importante para ele. Acho que ele será quase Deus – aí ele vai fazer jus ao nome do meio – vai ser um Messias, se ele conseguir reduzir isso a zero. Aí eu duvido. Mas tenho crença no que é importante, que é acabar essa bandalheira institucionalizada. Essa ele acaba”, disse Nonô, em entrevista ao Diário do Poder.
Integrante da administração do prefeito tucano Rui Palmeira, como secretário da Saúde de Maceió (AL), Nonô acredita que a proposta de Bolsonaro de mudar a lógica da política tradicional será testada pelo presidente eleito, ao decidir se absolverá ou não a proposta do senador Renan Calheiros (MDB-AL), quando este ingressar na disputa pela Presidência do Senado.
“Aí está um teste bom para o que o Bolsonaro vai fazer. O que o Bolsonaro diz é o contrário do que diz o Renan. O Renan foi uma pessoa que politicamente se engajou no PT com a mesma força que se engajou no governo FHC. E aqui em Alagoas operou claramente; fez eleição em favor do PT. Vamos ver se o Bolsonaro absorve a proposta do Renan. Porque, por mais que ele diga que não é candidato, é candidatíssimo. E não tem cuidado de outra coisa em Brasília, senão de viabilizar essa candidatura. Não digo nada, nem contra, nem contra, nem a favor. Estou olhando o Bolsonaro. Aí a gente vai ter uma sinalização para a eleição do Senado em fevereiro. E aí o Bolsonaro já tem um período governamental e de articulação política. Aí, é dele. Até agora, ele só tem expectativas. Poder dele é zero, hoje”, afirmou o ex-deputado que chegou a presidir a Câmara dos Deputados.
Nonô vê com naturalidade a atuação política dos presidentes nas eleições das presidências da Câmara e do Senado. “Não é eleger ou ‘deseleger’ quem quer que seja. Mas todos procuram de maneira discreta, interferir. Aqui em Maceió, na Câmara de Vereadores; em Alagoas, na Assembleia Legislativa; e com Macron, na França. Tudo é igual. Se puderem ter um Legislativo dócil, não vão querer um Legislativo ouriçado”, conclui.
Exagerado, mas honesto
Nonô diz que conhece bem o discurso de Bolsonaro. E vê honestidade na postura, muitas vezes exagerada, do presidente eleito. “Ele é aquilo mesmo. Diz o que pensa e defende suas ideias. O eleitor vai ter o que pediu. Estava cansado do modelo que a esquerda mostrou que não funcionou e optou pela direita. Não poderá se decepcionar quanto a isso”, disse o ex-colega de parlamento de Bolsonaro.
Para o ex-congressista, com Bolsonaro, haverá o fim do festival da hipocrisia: “Ele toca em algumas feridas, acho que exagera em alguns casos. Claramente exagera. Mas, veja bem. O sujeito de uma certa forma está acuado. Se você olhar a mídia atual, está cobrando do cara como presidente, mas ela ainda não é presidente, não! Deixa ele assumir, aí critica o que ele eventualmente fizer. O festival de hipocrisia vai baixar”, conclui Nonô.
O ex-deputado alagoano vê exagero na pressão vivida por Bolsonaro, quando este é instado a responder por atos de familiares, aliados e até mesmo do atual governo de Michel Temer (PMDB). E acredita haver necessidade de esclarecimento do caso das suspeitas de repasses ilegais para um segurança do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), em que parte do dinheiro caiu na conta da futura primeira-dama. Mas lembra que o caso não envolve, até agora, o presidente Jair Bolsonaro.
“O ato do Flávio deve ser esclarecido, mas não é um ato do Jair Bolsonaro. Até onde se diz. Não quero ser sofista, nem hipócrita. Mas veja bem, como é que os segmentos que calam para desvios de trilhões, de repente vislumbram com uma clareza uma crise monumental: R$ 27 mil para o motorista, para o filho. Pelo amor de Deus, não vamos ser fariseus a este ponto! Lógico que tem que ser esclarecido. Mas, veja bem, até aqui não diz nada do presidente. Adoro meus filhos, meus parentes. Mas são meus parentes, não sou eu não. Se roubaram, roubaram. O Moro está aí para isso. Toca o pau. Agora, se faz uma dimensão de uma coisa que realmente não tem”, opinou.
Bancada alagoana sem brilho
Quando questionado sobre a possibilidade de ascensão de parlamentares alagoanos no novo momento político nacional, no Congresso Nacional, Thomaz Nonô disse não ter como fazer prognósticos, por não vislumbrar brilho na bancada de Alagoas, mesmo lembrado da aproximação do deputado JHC (PSB-AL) de Jair Bolsonaro.
“Minha visão política é pouca para vislumbrar o brilho da bancada alagoana. Desejo a ela todo o sucesso, mas não tenho a menor ideia do que ela vai fazer. Como, aliás, nunca tive. O deputado JHC é um deputado combativo, etc, e tal. Desejo todo sucesso aos nove. Sem exceções. Mas, para esse povo, não consigo fazer prognóstico, não”, avaliou Nonô, que explicou ter desistido de sua pré-candidatura a deputado federal, na última eleição, por questões familiares e de falta de recursos para a campanha.