Você costuma usar filtros nas suas fotos e postar nas redes sociais? Muitos aderiram. Os artifícios criam uma realidade visual que só ocorre na web, como se os usuários vivessem num mundo paralelo de “perfeição”. Mas o que é visto como uma ilusão temporária está se tornando mesmo realidade.
Um estudo da Universidade de Boston (EUA) descobriu que os usuários de rede estão cada vez mais aderindo a procedimentos estéticos para ficarem parecidos com a imagem artificial produzida pelos filtros. Em muitos casos, é alarmante a facilidade com que eles distorcem a realidade.
Como resultado da “cultura da selfie”, os usuários desenvolveram a “dismorfia do Snapchat” e vêm buscando procedimentos para copiar as imagens filtradas de si mesmos.
Os cientistas afirmam que o confinamento durante a pandemia de Covid-19 contribuiu para esse quadro. Durante a reclusão, a vida passou a ser experimentada mais fortemente nas redes sociais, levando ao uso indiscriminado de filtros. Após o relaxamento das restrições, muitas pessoas passaram a querer ser vistas no convívio social “real” como eram mostradas nas telas de computadores e celulares.
A equipe de pesquisadores descobriu que o uso frequente de mídias sociais, como Instagram ou Snapchat, e de aplicativos de edição de fotos, como Lightroom ou FaceTune, estava associado ao aumento da insatisfação com a imagem corporal, levando muitas pessoas, principalmente jovens, a seguir celebridades, influenciadores e contas que mostram resultados de procedimentos cosméticos on-line. Literalmente, elas foram influenciadas a aderir a tratamentos estéticos.
“O uso das redes sociais aumentou o desejo de procurar procedimentos cosméticos”, escreveram os autores do estudo.
Os pesquisadores descobriram uma ligação entre o uso de mídias sociais e procedimentos cosméticos, associando mais tempo gasto em aplicativos e no uso de software de edição de fotos à insatisfação com a aparência e ao desejo de alterar características físicas.
O estudo, publicado na revista “Journal of Clinical and Aesthetic Dermatology” em 17 de março, entrevistou 175 participantes com mais de 18 anos, de 2019 a 2021. Os voluntários preencheram um questionário sobre o uso das redes sociais, sua visão sobre procedimentos cosméticos e se entrariam na faca.
Após a pandemia, 78% dos voluntários afirmaram que a realização de um procedimento aumentaria a sua autoestima – isto foi 30 pontos percentuais a mais do que antes da Covid-19.
“Nossas descobertas sugerem que o tempo gasto em plataformas de mídia social, bem como o uso de filtros e aplicativos de edição contribuem para o desejo de realizar um procedimento cosmético. Aconselhamos que os profissionais de cosmética discutam o uso de mídias sociais e plataformas de vídeo com seus pacientes para entender o seu desejo por um procedimento cosmético, bem como os resultados esperados. O uso das redes sociais continuará; portanto, a medicina deve se adaptar para coexistir para que possamos atender efetivamente os pacientes”, diz o estudo.
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