terça-feira, 22 de junho de 2021

OMS pede “estudos robustos” sobre ivermectina e outros medicamentos contra a covid-19

 


O comando da Organização Mundial de Saúde (OMS) demonstrou certo ceticismo sobre a chance de que a ivermectina possa ser eficiente na luta contra a Covid-19, mas não descartou a possibilidade e pediu estudos consistentes sobre o medicamento e outros potenciais candidatos. Durante entrevista coletiva virtual nesta sexta-feira, 18, a cientista chefe da OMS, Sumya Swaminathan, disse que “infelizmente, não há estudos de muita qualidade conduzidos com ivermectina, são todos pobres, de baixa qualidade”. Ela pediu “mais evidências” nessa frente.

Sumya Swaminathan tratou da questão na coletiva, ao ser questionada por uma jornalista sobre o caso do México. A repórter disse que o país tem há meses queda nos casos da Covid-19 e que lá se utiliza ivermectina – empregado para combater parasitas, como piolhos – contra o vírus. A cientista chefe da OMS afirmou que vários países, depois de um pico da doença, conseguiram reduzir seus números na pandemia, fazendo “uma série de intervenções públicas, sem ivermectina necessariamente”.

Segundo ela, “é preciso ter a mente aberta”, mas a pesquisadora também notou que os estudos de observação “dão pistas”, especialmente em contextos em que várias coisas estão ocorrendo ao mesmo tempo. Swaminathan ressaltou a importância de que potenciais medicamentos passem por estudos robustos e, só nesse caso, possam ser apontados como responsáveis por melhorar o quadro.

Líder técnica da resposta à pandemia de Covid-19 da OMS, Maria Van Kerkhove afirmou que a melhora no quadro do México deve ser fruto de uma combinação de fatores, seja de saúde pública, como a vacinação dos mais idosos e de profissionais de saúde, seja por medidas individuais.

Sobre a ivermectina, ela também notou que a recomendação da OMS é de que se use o medicamento em ensaios clínicos. Kerkhove disse que pesquisadores pelo mundo têm se debruçado sobre a ivermectina e que seus estudos são analisados regularmente.

Quando essas informações forem atualizadas, a OMS pretende olhar de novo para os dados disponíveis e decidirá se qualquer recomendação pode ser alterada, notou. “Esse é o processo para todas as terapias avaliadas”, disse, citando a consolidação de evidências de pequenas e grandes pesquisas, a meta-análise e uma “revisão robusta e transparente” dos dados disponíveis.

Com Gazeta do Povo e Estadão