sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Líder dos caminhoneiros se diz arrependido de ter apoiado Bolsonaro: “Nos traiu”












Entre as categorias que apoiaram o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a campanha de 2018, estavam os caminhoneiros. No entanto, o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão, expressou arrependimento.

Em entrevista ao colunista do UOL Chico Alves, Chorão disse: “Bolsonaro nos traiu”. Para ele, é como se a categoria tivesse “corrido atrás de um balão apagado”.

O principal motivo para a decepção dos caminhoneiros foi a votação com urgência de um projeto conhecido como BR do Mar. A proposta, que contou com ampla mobilização do governo, aumenta o transporte de carga por navio entre os portos brasileiros. O projeto foi aprovado na Câmara dos deputados na noite da última segunda-feira, 7.

Para Chorão, caso a medida seja aprovada também no Senado, “acabou o transportador autônomo”. Ele ainda afirma que a categoria “precisa acordar”.

“O Ministério da Infraestrutura não tem um estudo de impacto social e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) tem uma nota técnica que mostra concentração de mercado”, afirma o presidente da Abrava. “Quem vai fazer a contratação de frete terrestre vai ser o armador e isso prejudica muito os caminhoneiros”.

“A gente fez campanha para o presidente, nós colocamos faixa nos caminhões, pintamos lona, fizemos camiseta, um trabalho gratuito. Mas percebemos que tudo o que beneficia os caminhoneiros não tem caráter de urgência, enquanto o que é bom para os grandes empresários tem prioridade”, coloca Chorão.

Segundo o UOL, durante a aprovação do projeto na Câmara, deputados negociaram duas emendas que amenizariam os efeitos da proposta para os caminhoneiros. No entanto, os tópicos acabaram não sendo incorporados.

Chorão não descarta uma mobilização por parte dos caminhoneiros, mas disse que a categoria quem vai decidir. A Abrava tem cerca de 30 mil motoristas pelo Brasil. O presidente da instituição quer uma resposta a nível nacional.

“Com o que sei hoje, não apoiaria a eleição de Bolsonaro. Fui criado dentro da ideia de que o homem tem que ter palavra”, garantiu.