No momento em que o desemprego bate a casa dos 14%, Leite usa parte do dinheiro para contratar apoiadores, distribuindo cerca de 500 empregos de ajudantes e divulgadores de campanha nos bairros de Campo Limpo, Parelheiros e Capela do Socorro, as regiões da zona sul onde ele tem sua base, com salários entre R$ 800 e R$ 2,2 mil.
A atenção a esses bairros é um dos motivos que fizeram do vereador um dos políticos mais poderosos da cidade, segundo vereadores e auxiliares de Covas. Leite tem mapeado todos os equipamentos públicos instalados nessas regiões, e procura secretários e dirigentes municipais para indicar aliados para postos-chave nesses locais.
Dessa forma, consegue atender demandas dos eleitores e tem mandato na Câmara, initerruptamente, desde 1997 - além de ter eleito um filho deputado federal e outro deputado estadual. Nas eleições passadas, foi o segundo parlamentar mais votado, com 107 mil votos, quase todos vindos dessas regiões.
Parte do apoio vem também das empresas de ônibus da zona sul (ele defende abertamente a empresa Transwolff, fundada a partir da cooperativa de perueiros Cooper Pan, mas nega usar seu mandato para favorecê-la) e da escola de samba Estrela do Terceiro Milênio, da qual o filho Alexandre é patrono.
O vereador de 64 anos, entretanto, nega que seja um assistencialista. "Sou um político que trabalha muito", disse. "Fui o segundo vereador mais votado do País em 2012", continuou o vereador, ao comentar sua verba de campanha. Ele afirma que é estratégia do partido investir em sua candidatura. "Em 2016, também tive a eleição mais cara".
Milton Leite divide o comando do partido no Estado com o vice-governador Rodrigo Garcia e é um dos dirigentes nacionais da legenda. Ele tem trânsito no Palácio dos Bandeirantes graças também à relação que construiu com o governador João Doria (PSDB) em 2016, quando o tucano disputou a eleição para a Prefeitura.