quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Não é só o arroz: os preços de alimentos vão continuar subindo nos próximos meses?

Arroz ficou 20% mais caro desde o início do ano - e deve continuar subindo no curto prazo

As estatísticas de inflação não têm feito muito sentido para o brasileiro que vai ao supermercado. Os índices de preços vêm se mantendo em patamares historicamente baixos desde 2017, mas a sensação é de que a gente deixa cada vez mais no caixa quando faz compras.

E não é só impressão: enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, avançou 2,44% nos acumulado em 12 meses até agosto, a alimentação no domicílio, subitem que compõe o grupo alimentos e bebidas, subiu 11,4%:

Os dados divulgados na quarta (09/09) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostraram que o arroz ficou quase 20% mais caro desde o início do ano, que o preço do feijão mulatinho subiu 32,6%, da abobrinha, 46,8%, e da cebola, 50,4%.

As razões para esse comportamento estão ligadas, de forma direta e indireta, à pandemia — o que significa que o impacto pode se estender pelos próximos meses, mas não sinaliza um aumento persistente dos preços.

Aumento da demanda interna

Dois fatores aumentaram a demanda por alimentos no mercado doméstico e pressionaram os preços para cima.

De um lado, as quarentenas e o isolamento social deixaram os brasileiros mais tempo em casa. Muita gente passou a fazer home office e a cozinhar em casa ou deixou de ir a restaurantes com a família no fim de semana.

De outro, o auxílio emergencial de R$ 600 fornecido pelo governo permitiu que as pessoas continuassem consumindo apesar da crise — algumas até com um patamar de renda superior àquele que tinham antes da pandemia.

Entre abril e agosto, o governo injetou cerca de R$ 173 bilhões na economia através do auxílio.

"Boa parte desses recursos foi usado para pagar contas e comprar mantimentos", destaca o professor da Fipecafi George Sales.