quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Ato pela democracia é marcado por gritos de 'fora, Bolsonaro' e 'Ditadura nunca mais'

 

















Acadêmicos, empresários, juristas, artistas e representantes da sociedade civil marcaram forte posição democrática ao participarem da leitura do manifesto "Em Defesa da Democracia e da Justiça", realizada nesta quinta-feira, 11, na Faculdade de Direito da USP, em São Paulo. Os organizadores do evento estimam ter reunido cerca de 18 mil pessoas, que, além de recados às Forças Armadas, entoaram gritos de "Fora, Bolsonaro" e "Ditadura nunca mais" .

A carta, que reúne mais de 950 mil assinaturas, é uma reação aos seguidos ataques do presidente Jair Bolsonaro contra o processo eleitoral brasileiro. O documento afirma que "a estabilidade democrática, o respeito ao Estado de Direito e o desenvolvimento são condições indispensáveis para o Brasil superar os seus principais desafios".

O manifesto durou cerca de duas horas e foi dividido em duas etapas. A primeira parte ocorreu, por volta das 10h, no salão nobre do prédio, com cerca de 800 convidados amontoados. O reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Júnior, abriu os discursos, relembrou os mortos que lutaram contra a repressão militar, e pediu respeito ao voto e ao sistema eleitoral.

"Nós da USP perdemos vidas preciosas durante o período de exceção. As cicatrizes ainda são visíveis, vidas que foram ceifadas pela repressão ao livre pensamento. Perdemos 47 pessoas que eram parte de nossa comunidade. Não esquecemos e não esqueceremos", diss Carlotti Júnior.

Na mesa de abertura do ato solene também estiveram presentes Celso Campilongo, diretor da Faculdade de Direito da USP, Ana Elisa Bechara, professora associada da Faculdade de Direito da USP, Maria Arruda, diretora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, e Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central.

"Às vezes nos esquecemos, e falo como economista, que as sociedades mais prósperas do planeta, aquelas onde reina a liberdade, a solidariedade, a prosperidade, são todas democracias", defendeu Fraga.

Na ocasião também foi lido um manifesto subscrito por 107 entidades, que pede um processo eleitoral livre, tranquilo, sem fake news ou intimidações. O documento recebeu o apio de entidades como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ainda que apoiada apenas por 18 de seus mais de 100 filiados, a Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo, e a Anistia Internacional, entre outros.

"Este não é um manifesto partidário, mas é um momento solene, no qual as principais entidades da sociedade civil brasileira vêm celebrar o seu compromisso maior com a democracia e com o Estado de Direito, mas sobretudo, com a soberania popular, porque é esta que está sendo questionada de maneira vil neste momento", disse o advogado Oscar Vilhena Vieira, membro da Comissão Arns.

Já a segunda parte do ato foi realizada nas arcadas da faculdade - o pátio interno - e contou com a presença de estudantes e diversos artistas, entre eles a cantora Daniela Mercury, a apresentadora Bela Gil, o comentarista Walter Casagrande, o escritor Marcelo Rubens Paiva, entre outros.

Na ocasião, foi a vez do reitor da SanFran, Celso Campilongo, discursar. Em recado às Forças Armadas, ele afirmou que "o estado democrático de direito significa observância do princípio da legalidade e respeito às lei, tudo o que não estão querendo fazer com o sistema eleitoral". Em seguida, defendeu o Tribunal Superior Eleitoral.

Às 12h30, as professoras Eunice de Jesus Prudente, Maria Paula Dallari Bucci e Ana Elisa Liberatore Bechara, além do ex-ministro Flavio Bierrenbach, leram a carta "Em Defesa da Democracia e da Justiça", em um ato que resgata momento histórico no regime militar.

Com a finalização do rito definido para o ato, estudantes puxaram o coro "fora, Bolsonaro", "ditadura nunca mais" e gritos em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).