domingo, 28 de agosto de 2022

Pandemia, economia e corrupção: os pontos fracos que Lula e Bolsonaro deverão enfrentar no debate


 












O debate entre candidatos e candidatas à Presidência da República neste domingo (28/8) será a primeira vez que o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se enfrentarão em um evento do tipo desde o início da corrida eleitoral deste ano.

Ex-secretário de Comunicação e integrante da campanha de Bolsonaro, Fabio Wajngarten afirmou à BBC News Brasil, na noite deste sábado (28/8), que o presidente participará do debate. Horas antes, Lula já havia confirmado participação por meio de seu perfil no Twitter.

As presenças de Lula e Bolsonaro foram confirmadas às vésperas da realização do debate em parte por conta das avaliações feitas pelos comandos das campanhas de ambos. Confirmada a ida da dupla, a expectativa fica em torno de como Lula e Bolsonaro enfrentarão alguns dos seus principais pontos fracos.

Lula lidera as intenções de voto segundo os principais institutos de pesquisa, com Bolsonaro em segundo lugar. E apesar da presença de outros quatro candidatos, tudo indica que as atenções estarão voltadas para o desempenho dos líderes.

O debate irá ao ar a partir das 21h e será realizado por um conjunto de veículos: Band, TV Cultura, UOL e Folha de S.Paulo. Pelas regras, haverá dois momentos de debate direto entre os candidatos intercalados por perguntas feitas por jornalistas.

Historicamente, os debates entre candidatos são vistos como momentos-chave das eleições. Segundo a pesquisa do Instituto Datafolha mais recente, Lula aparecia com 47% das intenções de voto contra 32% de Bolsonaro.

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil avaliaram que os principais pontos fracos de Bolsonaro serão a gestão da pandemia de covid-19 e a política econômica. Por outro lado, os principais pontos fracos a serem enfrentados por Lula seriam as acusações de corrupção reveladas pela operação Lava Jato.

"O principal ponto fraco de Bolsonaro é a gestão da pandemia. Em especial, o negacionismo em relação às vacinas", avalia o ex-diretor de pesquisas do Datafolha Alessandro Janoni.

"As questões mais dramáticas como o colapso da falta oxigênio em Manaus e as trocas de ministros ao longo da pandemia deverão ser exploradas porque elas são alguns dos principais motores dessas eleições", disse Janoni.

O Brasil foi um dos países mais afetados pela pandemia da covid-19. De acordo com dados coletados pela Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, o Brasil já registrou mais de 682 mil mortes pela doença, o segundo maior número do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

Além disso, o Brasil também tem a segunda maior taxa de mortes proporcionalmente à população: 321 mortes por grupo de 100 mil habitantes.

A gestão do governo federal em relação à doença foi alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado que pediu o indiciamento do presidente por crimes nove crimes — entre eles, prevaricação e charlatanismo.

Ao longo da pandemia, Bolsonaro incentivou o uso de medicamentos sem comprovação científica contra a doença, foi contra algumas das medidas de isolamento social implementadas por estados e municípios e levantou dúvidas sobre a eficácia das vacinas que estavam sendo desenvolvidas contra a covid-19.

O tema, aliás, foi um dos principais tópicos da entrevista concedida por Bolsonaro ao Jornal Nacional, da Rede Globo. Na ocasião, Bolsonaro defendeu sua gestão a frente da pandemia.

"Fizemos a nossa parte. E o grande erro disso tudo foi um trabalho forte da grande mídia, entre eles a Globo, desestimulando os médicos a fazerem o tratamento precoce [...] Fizemos a nossa parte e tratei com muita seriedade essa questão. Agora, não adotei o politicamente correto", disse o presidente.