terça-feira, 1 de dezembro de 2020

"O que disseram as urnas: o Psol é o “novo PT”? E Boulos pode se tornar o “novo Lula”?"


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O Psol conquistou a prefeitura de uma capital no segundo turno das eleições municipais: Belém (PA), com a vitória de Edmilson Rodrigues. E, embora tenha perdido em São Paulo, o desempenho de Guilherme Boulos colocou o Psol na vitrine política do país. O próprio Boulos se tornou um ator mais importante na esquerda brasileira. Ainda assim, não se pode dizer que ele é um "novo Lula" e que o Psol é o "novo PT" – ou seja, o personagem e a sigla em torno da qual a esquerda orbita.


Mas a derrota de Boulos para Bruno Covas (PSDB) estrategicamente pode ser boa para o Psol. Boulos não terá a obrigação de cuidar de São Paulo. "Livre" em 2022, ele poderá ser o cabo eleitoral que puxará votos para candidaturas do Psol de norte a sul do país. E não enfrentará o desgaste natural de administrar a maior cidade do país.

“A derrota de Boulos em São Paulo não é uma derrota, é uma vitória política. Ele era uma pessoa que ninguém dava nada”, diz o sociólogo e cientista político Paulo Baía, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Baía destaca que a candidatura de Boulos em São Paulo ganhou projeção nacional. Ele obteve o apoio, por exemplo, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT); dos presidenciáveis do PDT e da Rede em 2018, Ciro Gomes e Marina Silva; e do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). “Em várias cidades, as pessoas declararam apoio ao Boulos. Isso tem um significado para o futuro, sobretudo em um partido como o Psol, que está em processo de afirmação há, pelo menos, 10 anos”, diz o professor da UFRJ.

Apesar disso, Baía alerta que a união de lideranças da esquerda em torno de Boulos em São Paulo não o alça ao posto de alguém que vai unir esse polo político em 2022. “Hoje, nós não temos elemento para dizer isso.” O cientista político aposta que as eleições de 2022 serão muito parecidas com as de 2018, com a pulverização partidária para a disputa de presidente da República. “Os partidos têm projetos [próprios]. Falar em união da esquerda é traçar uma ideia que não existe”, diz Baía."